Pós-operatório na reconstrução do LCA

Como é conduzido o pós-operatório na reconstrução do LCA na Fisioterapia?


O tratamento fisioterapêutico é de extrema importância para que o paciente volte com segurança para suas atividades após a alta.

Imediatamente após a reconstrução do LCA, a reabilitação segue marcos importantes, podendo ser subdividida em tópicos tais como:

– Controle do processo inflamatório;

– Ganho de amplitude de movimento;

– Descarga de peso (quando pisar e tirar as muletas);

– Tipos de exercícios que podem ser realizados e evitados em um primeiro momento;

– Quando correr;

– Os critérios de alta para retorno seguro às atividades;

Como controlar o processo inflamatório?

A primeira coisa que deve ser feita é orientar o paciente quanto a utilização do gelo, esta deve ser religiosa é realizada de duas em duas horas por no máximo 20 minutos cada aplicação, para que não exista o risco de provocar queimadura. Ao iniciar o tratamento com o fisioterapeuta, é realizada também a drenagem linfática que pode ser feita de forma manual ou através da utilização de equipamentos específicos. De maneira geral o controle do processo inflamatório é divisor de águas para que o ganho de amplitude de movimento do joelho seja menos sofrido, sem provocar dor e aumento do edema.

Como realizar o ganho de amplitude de movimento (ADM) do joelho?

O paciente já sai da cirurgia com 90° de ADM para flexão de joelho, durante a reabilitação é estimado ganhar 10° por semana até a amplitude total para flexão, pode ser orientado exercícios para que o paciente realize em casa também pois o tecido capsular é tempo dependente então a manutenção temporal (dobrar o joelho e manter por um período de tempo) se faz necessário, entretanto em um primeiro momento, o mais importante é evitar a perda da extensão total do joelho, pois esta é bem funcional para o paciente e a sua perda permanente, está associada  com o aumento da chance de desenvolver síndrome de cyclop (artrofibrose do joelho) em até 4 vezes e até a falha do enxerto mesmo após a alta. Desta forma, orientações quanto a não utilizar rolo abaixo do joelho se tornam de extrema importância nas primeiras semanas de pós-operatório.

Quando é possível retirar as muletas depois da cirurgia?

Vai depender do nível de ativação do quadríceps do paciente, mais de 90% dos pós-operatórios de LCA evoluem com inibição artrogênica que é inibição muscular por conta de um processo inflamatório articular, por tanto se faz necessário a utilização de exercício e recursos que estimulam a contração do quadríceps. Em um cenário natural, espera-se a retirada de uma muleta com uma semana e das duas muletas após duas a três semanas.

Existe algum exercício que deva ser evitado na Fisioterapia?

Sim, é importante entender que o enxerto quando fixado no túnel passa por um processo chamado de ligamentização (transformação do enxerto em ligamento), desta forma, alguns exercícios devem ser evitados em um primeiro momento. A partir de alguns estudos, foi possível verificar que a maior tensão no LCA é entre 15° e 0° de extensão de joelho, exercícios como mesa extensora principalmente em angulações finais, poderia lacear o enxerto ou até mesmo levar a sua falha. Desta forma iniciamos esse tipo de exercício com 6 semanas em uma angulação de proteção levando de 90° a 60° e com pouca carga, e evoluímos com a extensão completa somente após 3 meses. Em contrapartida, exercícios como agachamento curto não tem problema ser utilizado após o controle do processo inflamatório pois existe a carga axial do corpo com a gravidade, o que protege o enxerto, sendo estes priorizados num primeiro momento da reabilitação.  Quanto ao trabalho dos isquiotibiais (posteriores da coxa), se foi utilizado algum deles como enxerto, é necessário esperar 4 semanas para iniciar de forma leve o seu trabalho, caso o enxerto utilizado foi de outro tendão, o trabalho dessa musculatura deve ser iniciado de forma imediata.

Além desses grupos musculares, envolvidos diretamente no joelho, é importante o trabalho do membro inferior como um todo, levando em consideração a individualidade de cada paciente.

Quando correr?

O paciente precisa passar por fases até começar a trotar. A amplitude de movimento de extensão deve estar completa e ter pelo menos 130° de flexão. A força entre os membros não pode estar muito discrepante e deve ser iniciado salto com as duas pernas, até evoluir para saltos alternados entre as duas pernas, com 10 semanas pode ser realizado trote livre no solo e com apenas 12 semanas, trote na esteira desde que o paciente tenha cumprido os critérios anteriormente pontuados e esteja sem dor. 

À medida que o paciente vai evoluindo, e progredindo os treinos de força globais e iniciado treinos de salto e agilidade até os critérios de alta.

Quando o paciente pode receber alta? 

Alguns critérios são estabelecidos pela literatura científica, e um deles é o tempo, alguns estudos pontuam que o simples fato de continuar na reabilitação do 6° ao 9° mês, diminui em mais de 200% a taxa de uma nova lesão, hoje é estimado uma média entre 9 a 12 meses até o retorno seguro.

Outro critério de alta é a avaliação de força entre os quadríceps e isquiotibiais das duas pernas, onde o esperado é um déficit de até 10%, acima disso o paciente estará em risco. A relação de força isquiotibiais/quadríceps da mesma perna também deve ser realizada, o padrão de normalidade é que os isquiotibiais tenha pelo menos 60% da força do quadríceps, abaixo disso existe risco de lesão da musculatura posterior ou até uma nova lesão do LCA.

Os testes de salto de perna única também são utilizados como critérios, sendo os mais utilizados e validados o single-hop, triple-hop e crossover-hop. Distâncias alcançadas com diferenças maiores que 10% entre as pernas determinam risco.

Além dos testes já citados, podem ser utilizados também, questionários funcionais e de segurança para retorno ao esporte como o lysholm e o ACL-RSI.

As informações aqui pontuadas se trata apenas de orientações básicas para que o paciente conheça o processo de reabilitação, para uma reabilitação segura e efetiva, procure um profissional da área.

Artigo escrito pelo Fisioterapeuta Raone Daltro Paraguassu Alves 

Crefito 3/ 207065-F

cisto de baker

Cisto de Baker ou Cisto Poplíteo

Introduzindo o tema: Baker ou Cisto Poplíteo?


O cisto de Baker, também conhecido como cisto poplíteo, é uma bolsa de líquido sinovial que se forma na parte posterior do joelho. Apesar de ser geralmente benigno, pode causar desconforto e dor, especialmente quando se associa a outras condições articulares. Neste artigo, vamos explorar em detalhe o que é o cisto de Baker, suas causas, sintomas e opções de tratamento.

O que é o Cisto de Baker?

O cisto de Baker é uma protuberância cheia de líquido sinovial que se desenvolve na parte de trás do joelho, onde há uma acumulação anormal do líquido sinovial, responsável por lubrificar a articulação. Esse líquido, em excesso, pode causar inchaço e formar o cisto. O cisto fica localizado no compartimento posterior do joelho entre os músculos semimembranoso e gastrocnêmio medial.

Quais são as causas do Cisto de Baker?

O surgimento do cisto de Baker é uma consequência de uma patologia do joelho e não uma causa em si, está geralmente relacionado a problemas dentro da articulação do joelho. As condições mais comuns que levam ao desenvolvimento deste cisto incluem:

– Artrose de joelho: o desgaste da articulação e cartilagem articular pode levar a inflamação e acúmulo de líquido;

– Lesão do menisco ou nos ligamentos pode causar inflamação e, consequentemente, o cisto;

– Condropatia patelar;

– Inflamação crônica: condições que causam inflamação persistente no joelho, como sinovite e tendinites. 

Quais são os sintomas do Cisto de Baker? 

O cisto de Baker pode ser assintomático e ser descoberto apenas em exames de imagem como ultrassonografia e ressonância nuclear magnética de joelho. No entanto, quando sintomas estão presentes, na minoria dos casos, os mais comuns incluem:

– Inchaço na parte de trás do joelho: Um nódulo visível pode ser palpável e aumentar de tamanho com o tempo.

– Rigidez e dificuldade de mobilidade: O cisto pode limitar a flexibilidade do joelho, dificultando a extensão completa da perna.

-Dor: A dor pode ser sentida na parte posterior do joelho, especialmente durante atividades físicas, como caminhar ou correr.

– Sensação de pressão: Quando o cisto é grande, pode dar a sensação de pressão na parte de trás do joelho ou até mesmo irradiar para a panturrilha.

Como é feito o diagnóstico do Cisto de Baker?

O diagnóstico é feito através de uma combinação de exame físico e exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética (RM), que podem confirmar a presença do cisto e descartar outras condições associadas, como lesões meniscais ou articulares.

Qual o tratamento do Cisto de Baker?

O tratamento depende dos sintomas e da causa base. O tratamento do cisto de Baker depende do tamanho do cisto e dos sintomas apresentados. As opções incluem:

Tratamentos conservadores:

Repouso das atividades: repousar pode ajudar a reduzir o inchaço.

Compressas frias: aplicar gelo na área afetada pode reduzir a inflamação e a dor.

Medicação: anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são frequentemente prescritos para aliviar a dor e a inflamação.

Fisioterapia: exercícios de fortalecimento muscular, especialmente para os músculos ao redor do joelho, podem ajudar a reduzir a pressão sobre a articulação e aliviar os sintomas.

Drenagem do cisto guiado por exame de ultrassonografia: em alguns casos, o médico pode drenar o líquido do cisto utilizando uma agulha guiado por exame de imagem, no entanto, esta é uma solução temporária e o cisto pode voltar.

Injeções de corticosteróides: podem ser administradas para reduzir a inflamação na articulação do joelho, embora não removam o cisto, podem aliviar os sintomas.

Tratamentos Cirúrgico:

É extremamente raro e incomum, porém em casos onde o cisto é grande, causa dor ou limita seriamente a mobilidade, pode ser necessária a remoção cirúrgica do cisto, juntamente com o tratamento da condição subjacente, como uma Lesão do menisco ou Artrose de joelho.

Qual o prognóstico e prevenção para o Cisto de Baker? 

Em muitos casos, o cisto de Baker pode desaparecer por conta própria ou com tratamentos conservadores. No entanto, se as condições subjacentes que causaram o cisto não forem tratadas, ele pode voltar a aparecer.

Para prevenir a formação de cistos, é importante tratar rapidamente lesões no joelho e condições como a artrite. Manter uma boa saúde articular através do fortalecimento muscular e alongamentos regulares também pode ser benéfico.

Considerações Finais

O cisto de Baker é uma condição comum, especialmente em pessoas com problemas articulares. Embora muitas vezes seja indolor e inofensivo, em alguns casos pode causar desconforto e limitar a mobilidade. O tratamento depende dos sintomas e da causa subjacente, e varia desde repouso e medicamentos até procedimentos cirúrgicos.

Se você sentir dor ou inchaço na parte posterior do joelho, consulte um médico para obter um diagnóstico correto e as melhores opções de tratamento para o seu caso.

Sinovite Vilonodular

Sinovite Vilonodular Pigmentada do Joelho

A sinovite vilonodular pigmentada (SVP) é uma doença rara caracterizada pelo crescimento benigno da membrana sinovial, levando à formação de nódulos e vilosidades que podem infiltrar estruturas articulares. Essa condição pode acometer qualquer articulação sinovial, mas é mais frequentemente observada no joelho, que responde por aproximadamente 80% dos casos.

A SVP é uma lesão proliferativa da sinóvia, cuja etiologia permanece incerta, embora se considere uma reação inflamatória crônica ou uma neoplasia benigna. Essa proliferação resulta na pigmentação amarelada da membrana sinovial devido ao acúmulo de hemossiderina. Há duas formas principais:

1. Forma Difusa: A forma mais comum, acomete toda a sinóvia da articulação.

2. Forma Localizada: Menos frequente, caracteriza-se por envolvimento limitado a uma região da sinóvia, frequentemente apresentando-se como um nódulo sinovial.

Quais são os sintomas da Sinovite Vilonodular Pigmentada?

Os principais sintomas da sinovite vilonodular pigmentada do joelho incluem:

– Dor crônica: A dor é geralmente de caráter insidioso e progressivo, podendo ser exacerbada por atividades físicas.

– Derrame articular: A presença de líquido sinovial em excesso é comum, resultando em edema do joelho e muitas vezes com hemartrose volumosa.

– Limitação da mobilidade: A rigidez articular é frequente devido à infiltração sinovial e ao aumento do líquido intra-articular.

– Atrofia muscular: A diminuição da função articular, associada à dor e limitação de movimento, pode levar à atrofia muscular da coxa, principalmente de quadriceps.

Como é feito o diagnóstico da Sinovite Vilonodular Pigmentada?

O diagnóstico da sinovite vilonodular pigmentada é geralmente baseado em uma combinação de achados clínicos, exames de imagem e confirmação histológica.

Exames de Imagem

– Ressonância Magnética (RM): É o exame de escolha para avaliar a extensão da doença. A RM revela espessamento sinovial, formação de nódulos e, caracteristicamente, depósitos de hemossiderina.

– Radiografias: Embora não seja específica, pode revelar erosões ósseas subcondrais em casos avançados, além de alterações na congruência articular devido à destruição das superfícies articulares.

– Ultrassonografia: Pode ser utilizada para avaliar a presença de derrame articular e espessamento sinovial, embora seja menos sensível que a RM para detectar depósitos de hemossiderina.

– Biópsia: A confirmação diagnóstica é obtida por meio de biópsia sinovial, que revela proliferação de células sinoviais, depósitos de hemossiderina, além de macrófagos espumosos e células gigantes multinucleadas.

Quais os tratamentos para a Sinovite Vilonodular Pigmentada?

O manejo da sinovite vilonodular pigmentada depende da extensão da doença e dos sintomas apresentados, variando entre tratamento cirúrgico e terapias complementares.

Tratamento Cirúrgico

  – Artroscopia com sinovectomia: Indicada principalmente para a forma localizada e em casos difusos menos extensos. Oferece a vantagem de ser menos invasiva, com recuperação mais rápida. A sinovectomia, tanto artroscópica quanto aberta, é o tratamento de escolha. O objetivo é remover o tecido sinovial proliferado, aliviando os sintomas e prevenindo a destruição articular.

 – Sinovectomia Aberta: Indicada em casos de SVP difusa ou quando há comprometimento significativo das estruturas articulares que não podem ser acessadas por artroscopia.

   – Artroplastia total de joelho nos casos avançados de osteoartrose devido a causa base de SVP.

Radioterapia

Em casos de recidiva ou SVP difusa, pode-se associar a radioterapia pós-operatória com doses baixas, visando reduzir a proliferação sinovial. A radioterapia é especialmente útil em pacientes com contraindicação cirúrgica ou em casos de doença recorrente.

Medicamentos

Embora menos comum, o uso de inibidores de fatores de crescimento e moduladores do sistema imunológico, como o pexidartinib, pode ser uma opção terapêutica em casos mais agressivos ou recorrentes.

Quais o prognóstico da Sinovite Vilonodular Pigmentada?

O prognóstico da sinovite vilonodular pigmentada depende da extensão e da agressividade da doença. Pacientes tratados com sinovectomia têm boas taxas de sucesso, com alívio dos sintomas e melhora funcional. No entanto, a recidiva é relativamente comum, especialmente em casos de SVP difusa, com taxas de recorrência variando entre 15% e 45%.

O acompanhamento a longo prazo é essencial, pois a destruição articular significativa pode levar à osteoartrite secundária, necessitando de tratamentos adicionais, como osteotomias ou até mesmo artroplastia total do joelho em estágios finais.

A sinovite vilonodular pigmentada do joelho, embora rara, é uma condição importante no diagnóstico diferencial de dor crônica e derrame articular. O tratamento precoce, com sinovectomia adequada, é essencial para prevenir danos articulares irreversíveis e preservar a função do joelho. O manejo deve ser individualizado, levando em consideração a extensão da doença e o risco de recorrência.

Menisco Discóide

Menisco Discóide

O menisco discóide é uma variação anatômica rara do menisco, com uma incidência entre 0,4% e 15% da população, dependendo da região geográfica e fatores genéticos, sendo mais comum em populações asiáticas. Essa condição afeta principalmente o menisco lateral, resultando em um formato mais espesso e em forma de disco, diferente do menisco semilunar normal, em formato de “C´´. As consequências biomecânicas dessa anomalia podem levar a sintomas clínicos significativos, principalmente durante a adolescência e a fase adulta jovem.

O menisco é uma estrutura fibrocartilaginosa localizada na articulação do joelho, entre os côndilos femorais e os platôs tibiais. Sua função principal é distribuir o estresse articular, aumentar a congruência articular e absorver impacto. O menisco lateral discóide, devido ao seu formato anômalo, apresenta um aumento de massa e espessura, o que o predispõe a rupturas, mesmo sem traumas significativos.

Existem três tipos principais de menisco discóide, classificados por Watanabe:

1.Tipo Completo: O menisco cobre toda a superfície articular do platô tibial lateral.

2.Tipo Incompleto: O menisco apresenta forma discóide, mas não cobre completamente o platô tibial lateral.

3.Tipo de Menisco Hipermóvel (ou Wrisberg): O menisco não está adequadamente preso na sua porção posterior, resultando em instabilidade.

Quais são os sintomas do Menisco Discóide?

Os sintomas mais comuns associados ao menisco discóide incluem:

-Dor no Joelho Lateral: Especialmente após atividades físicas.

-Estalidos ou “Click”: Ruídos percebidos ao movimento do joelho, frequentemente relacionados a bloqueios intermitentes.

-Derrame Articular: O acúmulo de líquido sinovial no joelho pode ocorrer, especialmente após rupturas meniscais.

-Instabilidade: Nos casos de menisco discóide do tipo Wrisberg, a instabilidade pode ser um sintoma proeminente, com a sensação de que o joelho está “falhando”.

O diagnóstico diferencial deve incluir lesões do ligamento colateral lateral, plicas sinoviais, lesões do ligamento cruzado anterior e disfunções patelofemorais, uma vez que esses quadros clínicos podem compartilhar sintomas semelhantes.

Como é feito o diagnóstico do Menisco Discoide?

O diagnóstico do menisco discóide é geralmente feito por meio de ressonância nuclear magnética (RNM), que permite a visualização da estrutura anômala e identificação de possíveis rupturas associadas. Os sinais radiológicos incluem a presença de um menisco de espessura aumentada, com mais de três cortes na RNM em planos sagitais.

Além disso, a avaliação clínica é fundamental. Sintomas como dor lateral no joelho, estalidos, sensação de bloqueio ou instabilidade são comuns. O exame físico pode revelar sinais de hipermobilidade ou crepitação durante o movimento da articulação.

Qual o Tratamento do Menisco Discoide?

O tratamento do menisco discóide depende dos sintomas e do tipo de lesão associada. As opções terapêuticas podem variar desde o manejo conservador até a cirurgia.

Tratamento Conservador

Pacientes assintomáticos ou com sintomas leves podem ser tratados de forma conservadora, com fisioterapia voltada para fortalecimento muscular, melhora da propriocepção e ajustes de atividade. A restrição de atividades de alto impacto pode ser recomendada para evitar sobrecarga da articulação.

Tratamento Cirúrgico

Nos casos sintomáticos ou com lesões meniscais associadas, a intervenção cirúrgica é frequentemente indicada. A artroscopia é o método preferencial, e as principais técnicas incluem:

1. Meniscectomia Parcial: Remoção da porção anômala do menisco, preservando o máximo de tecido meniscal saudável. Esta técnica é indicada para os tipos completo e incompleto que apresentem sintomas.

2. Meniscoplastia: Remodelação do menisco para restaurar sua forma e função normais, frequentemente realizada em conjunto com a meniscectomia parcial.

3. Fixação do Menisco: No tipo hipermóvel (Wrisberg), a fixação do menisco ao platô tibial pode ser necessária para estabilizá-lo.

A decisão entre meniscectomia parcial e meniscopatia depende do grau de anomalia do menisco e do comprometimento funcional. O objetivo do tratamento cirúrgico é aliviar os sintomas, preservar a função meniscal e prevenir a degeneração articular precoce.

O prognóstico após o tratamento de um menisco discóide geralmente é favorável, especialmente em pacientes jovens e ativos. Após a meniscectomia parcial ou meniscoplastia, a maioria dos pacientes experimenta alívio significativo dos sintomas e retorno às atividades esportivas. No entanto, a preservação do menisco é crucial, uma vez que a remoção excessiva de tecido pode levar a artrose precoce.

A recuperação pós-operatória envolve fisioterapia intensiva para restauração da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e reabilitação funcional. A maioria dos pacientes retorna a atividades normais entre 3 a 6 meses após a cirurgia, dependendo da complexidade da lesão e do procedimento realizado.

Devo Procurar um Médico Especializado para Tratar o Menisco Discóide?

O menisco discóide é uma variação anatômica que, quando sintomática, pode afetar significativamente a função do joelho. A abordagem terapêutica deve ser individualizada, com foco na preservação do tecido meniscal e restauração da função articular. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações a longo prazo, como a degeneração precoce da articulação.

Sendo assim, é de suma importância buscar ajuda especializada.


Tendinite dos Quadríceps

Tendinite do Quadríceps

A tendinite do quadríceps é uma condição inflamatória que afeta o tendão do músculo quadríceps, localizado na parte anterior da coxa, na região próxima à patela (rótula). Essa lesão é comum em atletas, principalmente em esportes que envolvem saltos, corridas e movimentos repetitivos de extensão do joelho, como no futebol, basquete e atletismo.

O quadríceps é um grupo muscular composto por quatro músculos principais: reto femoral, vasto medial, vasto lateral e vasto intermédio. Estes músculos convergem no tendão do quadríceps, que se insere na base da patela. A função principal do quadríceps é a extensão do joelho, sendo crucial para atividades como caminhar, correr, saltar e agachar.

Qual a causa da Tendinite do Quadríceps?

A tendinite do quadríceps resulta de uma sobrecarga mecânica repetitiva, que leva a microlesões no tendão. Essa sobrecarga ocorre quando a demanda funcional sobre o tendão excede sua capacidade de reparo, resultando em um processo inflamatório. O excesso de força aplicado durante atividades que envolvem a extensão do joelho pode iniciar o ciclo inflamatório, causando dor e disfunção. Nos casos crônicos, a tendinite pode evoluir para uma tendinose, caracterizada pela degeneração do tendão.

Os fatores que predispõem o desenvolvimento da tendinite do quadríceps incluem:

– Sobrecarga de treino: Aumento súbito na intensidade ou volume de treinos sem tempo adequado de adaptação.

– Desequilíbrios musculares: Fraqueza ou encurtamento de músculos antagonistas, como isquiotibiais ou glúteos, podem gerar sobrecarga no quadríceps.

– Biomecânica inadequada: Alterações no alinhamento do joelho, como valgo dinâmico, ou uma técnica inadequada durante atividades físicas podem aumentar o estresse sobre o tendão.

– Superfícies duras ou inadequadas para a prática de esportes: Como correr em asfalto ou treinar em superfícies instáveis.

Como é feito o diagnóstico da Tendinite do Quadríceps?

O diagnóstico da tendinite do quadríceps é geralmente clínico, baseado na história do paciente e exame físico. As principais queixas são dor na parte anterior do joelho, especialmente acima da patela, que se agrava com a extensão resistida do joelho ou durante atividades como subir escadas, agachar ou saltar. O exame físico pode revelar dor à palpação no tendão do quadríceps.

Exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética (RM), podem ser utilizados para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da lesão. A ultrassonografia pode mostrar espessamento do tendão e sinais de inflamação, enquanto a RM pode ser útil para descartar outras causas de dor no joelho, como lesões intra-articulares.

Como é feito o tratamento da Tendinite do Quadríceps?

O tratamento da tendinite do quadríceps pode ser dividido em conservador e, raramente, cirúrgico:

1. Conservador

  • Repouso relativo e modificação da atividade. Evitar atividades que exacerbam a dor, permitindo o descanso e a recuperação do tendão.
  • Terapias de fortalecimento e alongamento. Um protocolo de reabilitação que inclui fortalecimento excêntrico do quadríceps e alongamento de isquiotibiais e panturrilha. O fortalecimento excêntrico tem demonstrado ser eficaz em promover a regeneração do tendão.
  • Fisioterapia: Modalidades como eletroterapia (ultrassom terapêutico, laser) e crioterapia são frequentemente utilizadas para controle da dor e inflamação.
  • Antiinflamatórios não esteroidais (AINEs): Podem ser indicados no controle da dor e da inflamação em curto prazo.
  • Terapias com ondas de choque unifocal.
  • Injeções de ácido hialurônico de baixo peso molecular guiados por ultrassonografia para estimular a cicatrização do tendão.
  • Injeções de PRP (plasma rico em plaquetas): Em casos crônicos, pode-se considerar a aplicação de PRP para estimular a cicatrização do tendão.

2. Cirúrgico

   – Em casos raros, onde o tratamento conservador falha após vários meses, a intervenção cirúrgica para remoção do tecido degenerado ou reparo do tendão pode ser considerada.

Como é o prognóstico da Tendinite do Quadríceps?

Com tratamento adequado, a maioria dos pacientes com tendinite do quadríceps apresenta melhora significativa dos sintomas dentro de semanas a meses. No entanto, o retorno às atividades esportivas deve ser gradual e guiado pela ausência de dor e recuperação completa da função muscular. Prevenção de recidivas inclui ajuste adequado de cargas de treino, correção de fatores biomecânicos e manutenção do equilíbrio muscular.

Como é feito a prevenção da Tendinite do Quadríceps?

As estratégias de prevenção incluem:

– Aquecimento adequado antes da prática esportiva

– Fortalecimento regular dos músculos da coxa e core

– Treinamento adequado da técnica esportiva

– Ajuste da intensidade e volume de treinamento de forma progressiva

– Uso de calçados apropriados e, quando possível, evitar superfícies de treino muito duras

A tendinite do quadríceps, embora dolorosa, geralmente responde bem ao tratamento conservador. A detecção precoce e a modificação adequada dos fatores de risco são fundamentais para uma recuperação rápida e eficaz. Atletas e indivíduos fisicamente ativos devem estar atentos aos sinais de sobrecarga para prevenir o desenvolvimento dessa condição debilitante.

Osteoporose e Osteopenia

Osteoporose e Osteopenia

O que é osteoporose?

O que é osteoporose?
A osteoporose é uma doença esquelética sistêmica caracterizada por diminuição da densidade mineral óssea (DMO) e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, resultando em aumento da fragilidade óssea e risco elevado de fraturas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a osteoporose com base em medições da DMO, utilizando a densitometria óssea (DXA), com um **T-score ≤ -2,5** desvios-padrão abaixo da média de jovens adultos saudáveis.

Osteoporose e Osteopenia

Qual a causa da osteoporose?

O tecido ósseo está em constante remodelação, com um equilíbrio entre os processos de reabsorção óssea pelos osteoclastos e de formação óssea pelos osteoblastos. Na osteoporose, esse equilíbrio é alterado, resultando em maior reabsorção óssea do que formação, o que leva a uma perda progressiva de massa óssea.

As principais alterações envolvem:

– Diminuição da atividade osteoblástica

– Aumento da atividade osteoclástica

– Redução da deposição de colágeno tipo I e sais minerais, como o fosfato de cálcio.

Os fatores de risco para osteoporose podem ser divididos em modificáveis e não modificáveis

Não modificáveis

  – Sexo feminino

  – Idade avançada

  – Histórico familiar de osteoporose ou fraturas

  – Menopausa precoce ou insuficiência ovariana

  – Raça caucasiana ou asiática

Modificáveis

  – Baixa ingestão de cálcio e vitamina D

  – Sedentarismo

  – Tabagismo e consumo excessivo de álcool

  – Uso prolongado de corticosteróides

  – Baixo peso corporal (IMC < 18,5)

Como é feito o diagnóstico da osteoporose?

O diagnóstico de osteoporose é baseado em três critérios principais:

Densitometria Óssea 

A densitometria óssea é o padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose. Mede a densidade mineral óssea em locais como o colo do fêmur e a coluna lombar. O resultado é expresso como T-score:

– Normal: T-score ≥ -1

– Osteopenia: T-score entre -1 e -2,5

– Osteoporose: T-score ≤ -2,5

– Osteoporose severa: T-score ≤ -2,5 com fratura associada

Marcadores Bioquímicos

Marcadores de reabsorção óssea, como o telopeptídeo C-terminal do colágeno tipo I , e de formação óssea, como a fosfatase alcalina óssea (FAO), são úteis para monitorar a taxa de remodelação óssea.

Avaliação de Risco de Fraturas 

A ferramenta FRAX, desenvolvida pela OMS, calcula o risco de fratura osteoporótica maior (coluna, quadril, punho ou ombro) em 10 anos, integrando fatores de risco clínicos e a DMO do colo femoral.

Qual o tratamento da osteoporose?

O tratamento da osteoporose visa prevenir fraturas, melhorar a densidade óssea e reduzir os sintomas associados à fragilidade óssea. As intervenções incluem medidas farmacológicas e não farmacológicas.

Tratamento Não Farmacológico

– Dieta rica em cálcio e vitamina D: A ingestão adequada de cálcio (1.000-1.200 mg/dia) e vitamina D (800-1.000 UI/dia) é fundamental para a saúde óssea.

– Exercício físico: Atividades de resistência, como caminhada e levantamento de peso, ajudam a manter a massa óssea e melhorar o equilíbrio, reduzindo o risco de quedas.

– Modificações no estilo de vida: Cessar o tabagismo, limitar o consumo de álcool e evitar imobilização prolongada são medidas importantes.

Tratamento Farmacológico

Os fármacos utilizados no tratamento da osteoporose podem ser divididos em dois grupos: anti reabsortivos e formadores ósseos.

Antirreabsortivos:

– Bifosfonatos: Alendronato, risedronato, ibandronato e ácido zoledrônico. Esses fármacos inibem a atividade dos osteoclastos, reduzindo a reabsorção óssea e aumentando a densidade óssea.

  – Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERMs)**: O raloxifeno é um exemplo, atuando de forma semelhante ao estrogênio nos ossos, diminuindo a reabsorção.

  – Terapia hormonal: O estrogênio pode ser usado em mulheres pós-menopáusicas, mas seu uso é limitado devido aos riscos de câncer e eventos tromboembólicos.

  – Denosumabe: Anticorpo monoclonal que inibe o ligante RANK, impedindo a diferenciação dos osteoclastos e reduzindo a reabsorção óssea.

Formadores ósseos:

 – Teriparatida: Análogo do hormônio da paratireóide (PTH), que estimula a formação óssea ao promover a atividade dos osteoblastos.

  -Romosozumabe: Anticorpo monoclonal que bloqueia a esclerostina, aumentando a formação óssea e reduzindo a reabsorção.

Para qual paciente está indicado o tratamento da osteoporose?

O tratamento farmacológico é recomendado para pacientes com:

– T-score ≤ -2,5 na densitometria óssea.

– Fratura por fragilidade.

– T-score entre -1 e -2,5 com risco elevado de fratura (FRAX ≥ 20% para fratura osteoporótica maior ou ≥ 3% para fratura de quadril).

Como prevenir fraturas por osteoporose?

A prevenção de quedas é essencial para reduzir o risco de fraturas. Medidas incluem:

– Ajustes no ambiente domiciliar para minimizar obstáculos.

– Uso de auxiliares de locomoção, quando necessário.

– Tratamento de distúrbios visuais e auditivos.

Quais as complicações da osteoporose?

A principal complicação da osteoporose é a ocorrência de fraturas, especialmente em locais como a **coluna vertebral**, **quadril** e **punho**. Fraturas vertebrais podem resultar em dor crônica, deformidade e perda de altura, enquanto fraturas de quadril estão associadas a elevada morbidade e mortalidade.

A osteoporose é uma condição silenciosa, frequentemente diagnosticada apenas após a ocorrência de fraturas. O reconhecimento precoce dos fatores de risco e a adoção de medidas preventivas são essenciais para minimizar as complicações. O tratamento adequado, com intervenções farmacológicas e não farmacológicas, pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir significativamente o risco de fraturas osteoporóticas.

lesao ligamento cruzado posterior

Lesão do ligamento Cruzado Posterior (LCP)

A lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) é menos comum que a lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), representando cerca de 3% a 11% de todas as lesões ligamentares do joelho. O LCP é uma estrutura essencial para a estabilidade do joelho, especialmente na prevenção da translação posterior da tíbia em relação ao fêmur. Ele é o ligamento mais espesso e forte do joelho, o que explica a sua menor taxa de lesão em comparação com outros ligamentos.

Anatomia e Função

O LCP origina-se na face lateral do côndilo femoral medial e insere-se na área intercondilar posterior da tíbia. Sua principal função é evitar a translação posterior da tíbia, além de contribuir para a estabilidade rotacional e varo-valgo do joelho. O LCP é composto por duas bandas principais:

1. Banda ântero-lateral: Esticada em flexão.

2. Banda póstero-medial: Esticada em extensão.

Qual o mecanismo de lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

As lesões do LCP geralmente resultam de trauma direto, com os mecanismos mais comuns sendo:

– Trauma direto na parte anterior da tíbia com o joelho flexionado: Esse tipo de lesão é frequentemente visto em acidentes automobilísticos, conhecido como o “dashboard injury”, onde o painel do carro empurra a tíbia posteriormente.

– Hiperextensão ou hiperflexão forçada do joelho: Essas lesões são observadas em esportes de contato, como futebol, rugby e basquete.

Quais os sintomas de lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

Os sinais e sintomas de uma lesão do LCP podem variar dependendo da gravidade e do tempo decorrido desde a lesão. Os principais incluem:

– Dor: Geralmente localizada na região posterior do joelho, especialmente em flexão profunda.

– Instabilidade: Sensação de que o joelho “desliza” ou “cede”, particularmente ao descer escadas ou em superfícies inclinadas.

– Derrame articular: Acúmulo de líquido sinovial no joelho pode estar presente, embora seja menos comum do que nas lesões do LCA.

Qual a classificação da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

As lesões do LCP são classificadas de acordo com a gravidade do deslocamento posterior da tíbia em relação ao fêmur, medida pelo teste de gaveta posterior ou RM:

– Grau I: Deslocamento menor que 5 mm.

– Grau II: Deslocamento entre 5 mm e 10 mm.

– Grau III: Deslocamento maior que 10 mm, com possível envolvimento de outros ligamentos.

Como é feito o diagnóstico da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O diagnóstico de lesão do LCP baseia-se em uma combinação de história clínica, exame físico e exames de imagem.

Exame Físico

– Teste da Gaveta Posterior: Com o joelho a 90° de flexão, uma pressão posterior aplicada na tíbia revela translação excessiva em relação ao fêmur.

Exames de Imagem

– Ressonância Magnética (RM): É o exame de escolha para avaliar a integridade do LCP, sendo altamente sensível e específico. A RM também ajuda a identificar lesões associadas, como danos a outros ligamentos, meniscos e cartilagem.

– Radiografias com estresse: Podem ser úteis para identificar fraturas associadas.

Qual o tratamento da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O tratamento para a lesão do LCP varia de acordo com o grau da lesão, a demanda funcional do paciente e a presença de lesões associadas.Lesões isoladas do LCP de grau I e II são frequentemente tratadas de forma conservadora, com bons resultados em muitos pacientes. O manejo inclui imobilização inicial com uso de órteses para limitar a translação posterior da tíbia. Fisioterapia com foco no fortalecimento dos músculos isquiotibiais e quadríceps, além de exercícios de propriocepção para melhorar o controle neuromuscular.

Já o tratamento cirúrgico é indicado para as lesões de grau III ou lesões combinadas com outros ligamentos podem necessitar de intervenção cirúrgica. A reconstrução do LCP é mais desafiadora que a Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) devido à anatomia e biomecânica específicas do LCP como a proximidade da artéria poplítea. A cirurgia geralmente envolve:

– Reconstrução do LCP: Utilização de enxertos, autólogos ou alógenos, para reconstruir o ligamento rompido. A técnica cirúrgica pode variar, com diferentes abordagens para garantir o correto tensionamento e fixação do enxerto.

– Tratamento de lesões associadas: Se houver lesões em outros ligamentos, como o LCA, ligamentos colaterais ou lesões meniscais, essas lesões também são abordadas durante a cirurgia.

Qual a reabilitação pós cirúrgica da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

A reabilitação após a reconstrução do LCP é um processo gradual e prolongado. O protocolo inclui:

– Imobilização inicial: Geralmente com uso de órtese para proteção do enxerto.

– Fisioterapia progressiva: Com foco na restauração da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e recuperação da função articular. A carga sobre o joelho deve ser controlada nas primeiras semanas para evitar a falha do enxerto.

– Retorno às atividades esportivas: Normalmente permitido entre 9 a 12 meses após a cirurgia, dependendo da recuperação individual e da demanda esportiva.

Qual o prognóstico da  lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O prognóstico das lesões do LCP depende da gravidade da lesão, da abordagem de tratamento e da adesão à reabilitação. Lesões de grau I e II tratadas de forma conservadora geralmente apresentam bons resultados, com retorno à funcionalidade completa. No entanto, lesões de grau III e lesões combinadas podem apresentar um prognóstico mais reservado, com maior risco de instabilidade residual e degeneração precoce da articulação.

Considerações Finais

A lesão do ligamento cruzado posterior, embora menos comum que a do LCA, pode ter impacto significativo na estabilidade e função do joelho. O tratamento deve ser individualizado, considerando a gravidade da lesão, o nível de atividade do paciente e a presença de lesões associadas. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ortopedistas, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, é crucial para garantir uma recuperação otimizada e o retorno seguro às atividades esportivas.



Lesão LCM

Lesão do Ligamento Colateral Medial (LCM)

O ligamento colateral medial (LCM), localizado na parte interna do joelho, desempenha um papel crucial na estabilização articular durante atividades de carga e movimento. Esta estrutura ligamentar é composta principalmente por fibras colágenas que conferem resistência a forças de valgo, que ocorrem quando o joelho é pressionado para fora.

Qual é a função do ligamento colateral medial no joelho?

O ligamento colateral medial (LCM) desempenha várias funções importantes na articulação do joelho:

1. Estabilização: O LCM é fundamental para a estabilidade medial do joelho, ajudando a prevenir a abertura do joelho na direção externa (força de valgo). Ele atua como um suporte que mantém a articulação alinhada durante movimentos.

2. Facilitação do Movimento: Embora atue como um estabilizador, o LCM também permite um certo grau de movimento, contribuindo para a flexão e extensão do joelho de maneira controlada.

3. Propriocepção: O LCM contém terminações nervosas que desempenham um papel na propriocepção, permitindo que o corpo perceba a posição e o movimento do joelho, o que é crucial para o equilíbrio e a coordenação.

Essas funções tornam o LCM essencial para a biomecânica do joelho e a realização de atividades diárias e esportivas de forma segura e eficaz.

Qual o mecanismo de lesão?

As lesões do LCM geralmente ocorrem devido a um trauma direto na parte externa do joelho, resultando em uma força de valgo. Atividades esportivas que envolvem mudanças rápidas de direção, como futebol, basquete e esqui, são frequentemente associadas a esse tipo de lesão. A lesão pode variar em gravidade, sendo classificada em graus:

Grau I: Distensão leve, com pequenas microfissuras nas fibras do ligamento. O paciente pode apresentar dor leve e inchaço, mas a função articular é geralmente preservada.

Grau II: Lesão parcial, onde uma parte significativa das fibras do LCM está rompida, menor do que 50% da espessura. Os sintomas incluem dor moderada, edema e instabilidade articular.

Grau III: Ruptura completa do ligamento, resultando em uma instabilidade significativa do joelho, principalmente as forças de valgo. Os pacientes frequentemente relatam dor intensa, inchaço severo e dificuldade em suportar peso.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da lesão do LCM é feito através de uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem. O médico realizará testes físicos, como o teste de estresse em valgo (forçando uma abertura da região medial do joelho), para avaliar a integridade do ligamento.

Ultrassonografia e ressonância magnética são ferramentas valiosas para confirmar o diagnóstico e determinar a extensão da lesão. Apesar de um exame mais simples, porém não menos importante, a radiografia com estresse em valgo a 0° e 30 ° do joelho bilateral é extremamente útil para ajudar no diagnóstico e seguimento do tratamento.

Qual o tratamento para lesão do ligamento colateral medial?

O tratamento das lesões do LCM pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade da lesão. Em lesões de grau I e II, o protocolo PRICE (Protection, Repouso, Gelo, Compressão e Elevação) é frequentemente recomendado, acompanhado de fisioterapia para fortalecer a musculatura ao redor do joelho, principalmente o quadríceps com ênfase em vasto medial e vasto e melhorar a mobilidade.

Já no casos das lesões de grau III, a cirurgia pode ser necessária, especialmente em pacientes ativos. A reconstrução do ligamento colateral medial pode ser realizada utilizando enxertos autólogos (próprio paciente) ou alógenos (banco de tecidos), com o objetivo de restaurar a estabilidade do joelho. Os enxertos mais utilizados são os tendões da ´pata de ganso´ (grácil e semitendíneo). 

O tratamento cirúrgico para lesões do ligamento colateral medial (LCM) é geralmente considerado em casos de lesões graves (Grau III), onde há uma ruptura completa do ligamento, ou quando o tratamento conservador não resulta em uma recuperação satisfatória. O procedimento cirúrgico mais comum para reparar uma lesão do LCM é a reconstrução do ligamento. Utilizamos o reparo do LCM, suturamos as extremidades do ligamento rompido, se a lesão for considerada reparável. Isso é mais comum em lesões agudas. A técnica mais utilizada é a Reconstrução do LCM,  se o ligamento estiver severamente lesado ou se a lesão for antiga, pode ser necessário usar um enxerto (tecido do próprio paciente ou de um doador) para reconstruir o ligamento.

A fixação do enxerto – ´novo ligamento´ ou os fragmentos do ligamento são fixados em seu lugar usando parafusos, âncoras ou outros dispositivos de fixação para garantir a estabilidade durante a cicatrização.

É muito importante ressaltar que na grande maioria das vezes, a lesão do LCM está acompanhada de uma Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), e a escolha do enxerto deverá ser individualizada. 

O prognóstico para lesões isoladas do LCM é geralmente favorável, especialmente com tratamento adequado. A maioria dos pacientes consegue retornar às suas atividades esportivas após a reabilitação, com uma taxa de recuperação que varia entre 80% a 90%.

Como é a Reabilitação Pós-Cirúrgica?

Após a cirurgia, um programa de reabilitação é essencial para restaurar a força, a mobilidade e a funcionalidade do joelho. Isso geralmente envolve:

– Fisioterapia: exercícios supervisionados para aumentar a amplitude de movimento e fortalecer os músculos ao redor do joelho.

– Uso de Órteses: pode ser recomendado o uso de uma órtese para proteger o joelho durante a fase inicial de recuperação.

– Retorno às Atividades: o retorno gradual às atividades esportivas e físicas é planejado, geralmente após um período de 4 a 6 meses, mas pode variar conforme a evolução da recuperação.

Concluindo o tema

A lesão do ligamento colateral medial do joelho é uma condição comum que pode impactar significativamente a qualidade de vida e a performance esportiva. A compreensão dos mecanismos de lesão, diagnóstico preciso e tratamento apropriado são fundamentais para a recuperação e prevenção de futuras lesões. A abordagem multidisciplinar envolvendo ortopedistas e fisioterapeutas é essencial para um retorno seguro às atividades.

Este artigo visa proporcionar uma visão técnica e detalhada sobre a lesão do LCM, contribuindo para o conhecimento e conscientização sobre essa condição prevalente. 

Infiltração de Joelho

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O que é Viscossuplementação de Joelho ou Infiltração de Ácido Hialurônico em Joelho?

Viscossuplementação é a injeção intra-articular de ácido hialurônico exógeno. No corpo humano, o ácido hialurônico é encontrado em altas concentrações no tecido conectivo, pele, cordão umbilical, líquido sinovial e humor vítreo. O líquido sinovial é basicamente um ultrafiltrado de sangue acrescido de ácido hialurônico.

O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo naturalmente produzido pelas células tipo B da membrana sinovial e suas moléculas de elevado peso molecular formam uma solução de alta viscosidade. A viscossuplementação de joelho é um procedimento médico que tem ganhado destaque no tratamento de doenças articulares, especialmente na osteoartrose de joelho.

A viscossuplementação é um tratamento que envolve a injeção de uma substância chamada ácido hialurônico diretamente na articulação do joelho. O ácido hialurônico está presente naturalmente no organismo, principalmente no líquido sinovial, onde desempenha um papel crucial na lubrificação e amortecimento das articulações. Este artigo explora o que é a viscossuplementação, como ela funciona, suas indicações, benefícios e possíveis riscos.

Como funciona a Viscossuplementação de joelho?

Com o avanço da osteoartrite, a quantidade e a qualidade do ácido hialurônico no líquido sinovial diminuem, o que pode levar a dor, rigidez e diminuição da mobilidade. A viscossuplementação visa restaurar a viscosidade do líquido sinovial, melhorando a lubrificação da articulação, reduzindo a dor e aumentando a função articular.

O líquido sinovial tem diversas funções biológicas, como nutrição, lubrificação e proteção da cartilagem articular.

Entre as maiores alterações químicas encontradas no líquido sinovial osteoartríticas está a diminuição da concentração e do peso molecular do Ácido hialurônico. Em indivíduos normais, sua concentração varia entre 1,45 e 3,12 mg/mL e o seu peso molecular é alto. Indivíduos com osteoartrite (OA) apresentam líquido sinovial com diminuição no peso molecular e concentração de AH, além de alteração em suas propriedades viscoelásticas.

Infiltramos ácido hialurônico altamente concentrado para o tratamento da osteoartrite por meio da otimização do líquido sinovial, diminuição da inflamação articular e analgesia.

Quais os benefícios da Viscossuplementação de joelho?

A injeção intra-articular de ácido hialurônico tem basicamente três objetivos principais:

1 – Melhora da mobilidade e diminuição da rigidez articular – Benefícios mecânicos.

Viscossuplementação propriamente dita, ou seja, melhorar as propriedades reológicas do líquido sinovial, servindo tanto como um lubrificante quanto como um amortecedor de choques.

Benefícios mecânicos

A literatura demonstra que a injeção intra-articular de ácido hialurônico é capaz de promover melhor distribuição de forças, diminuir a pressão pelo peso e recuperar as características reológicas do líquido sinovial

Estudos biomecânicos demonstraram que o aumento da pressão entre duas superfícies cartilaginosas e articulações de carga aumenta também a concentração do ácido hialurônico no líquido sinovial, o que, por sua vez, aumenta muito a lubrificação local. Estes mesmos estudos apontam que a concentração de ácido hialurônico está substancialmente reduzida no líquido sinovial osteoartrite.

Também foi comprovado que os condrócitos respondem às forças de cisalhamento articulares, e a viscossuplementação, através da injeção intra-articular de um fluido capaz de melhorar a lubrificação e as forças de cisalhamento, pode, assim, influenciar positivamente a integridade da matriz cartilaginosa e o metabolismo dos condrócitos.

É fundamental se ter em mente que as propriedades reológicas do líquido sinovial são determinadas quase exclusivamente pelo ácido hialurônico, considerado a principal proteína constituinte do líquido sinovial.

2 – Melhora da dor.

Analgesia

Quanto aos resultados clínicos, a literatura é robusta em relação aos resultados positivos na dor, função e qualidade de vida obtidos com a viscossuplementação. Recente revisão publicada no importante periódico Journal of Bone and Joint Surgery (JBJS) analisou 27 revisões sistemáticas e metanálises, além de cinco guidelines internacionais e os autores concluíram que a viscossuplementação é uma opção segura, com redução clinicamente importante da dor, especialmente em indivíduos mais jovens. Com mais de uma centena de artigos publicados anualmente nos últimos dez anos, a viscossuplementação é hoje recomendada pelos principais guidelines de artrose.

3 – Diminuindo a inflamação e estimulando positivamente os condrócitos.

Atuação na homeostase articular

A articulação osteoartrítica apresenta grande ativação dos sinoviócitos, que produzem várias citocinas e enzimas ligadas à doença, como IL-ß1, IL-6, IL-8, TNF-a, metalloproteinases e óxido nítrico (NO).” O ácido hialurônico é um importante modulador, principalmente através da interação com receptores CD44 presentes nos sinoviócitos “fibroblast-like”. Portanto, além dos efeitos mecânicos, o ácido hialurônico também atua bioquimicamente, diminuindo a expressão gênica das citocinas e enzimas associadas à osteoartrite. Diminuindo a produção de prostaglandinas e a concentração intra-articular de metaloproteinases.” Sua presença também estimula maior produção de ácido hialurônico pelo sinoviócito, fenômeno conhecido como visco indução.

Quais as indicações da Viscossuplementação de joelho?

A injeção intra-articular de ácido hialurônico  está indicada para patologias articulares dolorosas, como osteoartrite, condropatia patelar, lesões de cartilagem do joelho ou qualquer patologia que leve à dor articular. A viscossuplementação é indicada principalmente para pacientes com osteoartrite do joelho que não obtiveram alívio adequado com tratamentos conservadores, como fisioterapia e medicamentos anti-inflamatórios. Além disso, pode ser uma opção para aqueles que preferem evitar cirurgias mais invasivas, como a artroplastia.

Quais os riscos da Viscossuplementação de joelho?

Embora a viscossuplementação seja geralmente segura, alguns pacientes podem experimentar efeitos colaterais mínimos, como dor no local da injeção, inchaço ou febre. É importante discutir todos os possíveis riscos e benefícios com um médico especialista de joelho antes de optar por este tratamento.

Conclusão: 

A viscossuplementação do joelho pode ser uma opção eficaz para aliviar os sintomas da osteoartrite e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. É essencial realizar uma avaliação criteriosa e seguir as orientações do profissional de saúde para garantir os melhores resultados. Se você está lidando com dores no joelho e considerando a viscossuplementação, consulte um especialista em cirurgia do joelho para discutir suas opções de tratamento.

Para mais informações sobre a viscossuplementação e outros tratamentos para doenças articulares, entre em contato com nossa equipe. Estamos aqui para ajudar você a encontrar a melhor solução para sua saúde articular.

Lesão do Menisco

Lesão do Menisco

O que é uma Lesão do Menisco?

Com o aumento dos exames de ressonância nuclear magnética, a lesão do menisco tornou-se uma patologia frequentemente diagnosticada.  Ocorre após uma entorse de joelho ou através do desgaste progressivo da articulação ao longo do envelhecimento. Os principais sintomas provocados são: dor, inchaço, estalos e sensação de travamento do joelho. Entretanto, nem todas as lesões são sintomáticas e necessitam de intervenção cirúrgica.

O que é o Menisco?

O menisco é constituído por fibrocartilagem e estão localizados na articulação do joelho, servem para aumentar a congruência articular e dar estabilidade ao joelho. Temos 2 meniscos, um medial e outro lateral, possuem um formato peculiar em forma de “C”. O menisco medial se localiza na região interna (lado de dentro) e o menisco lateral na região externa (lado de fora) do joelho.

O menisco do joelho é dividido em três zonas principais, com base no suprimento sanguíneo. Essas zonas são importantes para determinar o potencial de cicatrização das lesões meniscais:

1. Zona Vermelha-Vermelha (periférica):

  • Localiza-se na borda mais externa do menisco, próxima à cápsula articular.
  • Tem um bom suprimento sanguíneo, o que favorece a cicatrização.
  • Lesões nesta área tendem a responder bem ao tratamento conservador ou à reparação cirúrgica.

2. Zona Vermelha-Branca (intermediária):

  • Está localizada entre a borda periférica e o centro do menisco.
  • Possui um suprimento sanguíneo moderado.
  • Lesões nesta zona podem ter um potencial limitado de cicatrização, mas em alguns casos ainda respondem bem à reparação.

3. Zona Branca-Branca (central):

  •  Localiza-se no centro do menisco, distante da cápsula articular.
  • Não tem suprimento sanguíneo significativo, dependendo de nutrientes do líquido sinovial.
  • Lesões nesta área têm pouca capacidade de cicatrização espontânea e geralmente são tratadas com meniscectomia parcial (remoção da parte danificada).

Essas zonas ajudam a determinar o tratamento mais adequado para cada tipo de lesão meniscal.

Qual o Mecanismo de Lesão do Menisco?

As lesões meniscais são divididas em agudas e crônicas. O mecanismo mais comum para o surgimento da lesão meniscal aguda é uma entorse com o joelho fletido ou semifletido durante prática esportiva. As lesões crônicas ou degenerativas ocorrem ao longo do tempo por falência do compartimento do joelho, gerando uma compressão do menisco. Essa lesão geralmente é precursora da artrose de joelho.

Quais os tipos de Lesão do Menisco?

As lesões de menisco podem ser classificadas em:

  • Longitudinais
  • Radiais
  • Horizontal
  • Flap 
  • Complexas
  • Alça de Balde

Essas lesões podem ocorrer tanto no menisco medial quanto no lateral, sendo o menisco medial mais frequentemente acometido devido à sua menor mobilidade.

As lesões meniscais são divididas em:

Quais os sintomas  e o exame físico da lesão do menisco?

Os sintomas mais comuns são: dor na interlinha medial ou lateral ( a depender do menisco lesionado), estalidos, edemas ou inchaços nos joelhos, falseios e sensação de fraqueza, dor na região posterior do joelho. Dor ao flexionar o joelho, sensação de travamento. 

Como é feito o diagnóstico da lesão do menisco?

O diagnóstico é feito através do exame clínico feito por um ortopedista, de preferência, especialista em joelho. Ele investigará dados da história clínica (anamnese)  e do exame físico. A confirmação se dá com um exame complementar de ressonância nuclear magnética do joelho. Radiografias e ultrassonografias não são bons exames para avaliação do menisco.

Existe tratamento para a lesão do menisco?

Sim, existe tratamento. O tratamento depende de dois fatores principais. Primeiro, do paciente e segundo, do tipo de lesão meniscal. Lesões agudas (recentes) sintomáticas em pacientes jovens com uma demanda esportiva alta tendem a ser tratados com cirurgia artroscópica. Já as lesões crônicas, do tipo degenerativas em pacientes mais velhos, com uma baixa demanda, geralmente são tratadas de modo conservador (não cirúrgico, com fisioterapia e infiltração de ácido hialurônico. Dito isso, nem todas as lesões meniscais são tratadas com cirurgia.

Qual o tratamento da Lesão de Menisco?

As lesões meniscais são frequentes em pacientes com traumas articulares, especialmente em praticantes de esportes que envolvem movimentos de torção e mudanças rápidas de direção. O tratamento adequado depende de vários fatores, como o tipo de lesão, a localização, o padrão de ruptura, a estabilidade do joelho e o nível de atividade do paciente.

Tratamento Conservador

Indicado para lesões pequenas, estáveis e não deslocadas, principalmente na zona vascular periférica (“zona vermelha”), que possui maior capacidade de cicatrização espontânea. O tratamento conservador inclui:

– **Repouso e modificação das atividades**

– Crioterapia (uso de gelo)

– Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

– Fisioterapia: Foco no fortalecimento muscular, especialmente quadríceps e isquiotibiais, além de exercícios de propriocepção.

Tratamento Cirúrgico

Quando o tratamento conservador falha ou quando a lesão é extensa ou deslocada, a cirurgia pode ser necessária. As técnicas incluem:

1-) Meniscectomia Parcial

É a remoção da parte danificada do menisco. Indicada para lesões não passíveis de reparo, especialmente nas áreas avasculares (“zona branca”). A técnica é realizada por artroscopia, sendo minimamente invasiva e com rápida recuperação.

2-) Reparo Meniscal

Indicado para lesões na zona vermelha ou na zona vermelha-branca (transição entre a área vascularizada e não vascularizada). O reparo pode ser realizado de várias formas, como:

Técnica Inside-Out: Reparo da lesão de dentro da articulação para fora, com suturas feitas por incisões adicionais na pele.

Técnica Outside-In: Suturas são passadas de fora da articulação para dentro, útil para lesões na região de corpo e corno anterior.

Técnica All-Inside: Utiliza implantes específicos e não requer incisões adicionais.

A decisão pelo reparo depende da localização da lesão, idade do paciente e expectativa de retorno às atividades físicas.

Transplante de Menisco

Procedimento raro, indicado em casos de lesão meniscal irreparável em pacientes jovens com dor e sinais de comprometimento articular.

Como é a reabilitação pós cirurgia da Lesão de Menisco?

A reabilitação é parte crucial do tratamento das lesões meniscais, seja após meniscectomia parcial ou reparo meniscal. O protocolo de reabilitação inclui:

  • Mobilização precoce: Dependendo do procedimento realizado, o movimento passivo do joelho é incentivado para evitar rigidez.
  • Fortalecimento muscular: Progressão gradual de exercícios de fortalecimento dos músculos que estabilizam o joelho.
  • Propriocepção e equilíbrio: Exercícios para melhorar a coordenação e o controle neuromuscular do joelho.
  • Retorno às atividades: O tempo de retorno às atividades esportivas varia de 3 a 6 meses após o reparo meniscal, e cerca de 4 a 6 semanas após meniscectomia.

Qual o prognóstico da Lesão de Menisco?

O prognóstico após o tratamento de lesões meniscais depende de fatores como:

  • Localização da lesão (lesões na zona vermelha têm melhor chance de cicatrização)
  • Idade do paciente
  • Condições articulares associadas (presença de artrose pode complicar a recuperação)

Pacientes que passam por meniscectomia parcial podem ter um risco aumentado de desenvolver osteoartrite a longo prazo, devido à perda da função de amortecimento do menisco.