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lesao ligamento cruzado posterior

Lesão do ligamento Cruzado Posterior (LCP)

A lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) é menos comum que a lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), representando cerca de 3% a 11% de todas as lesões ligamentares do joelho. O LCP é uma estrutura essencial para a estabilidade do joelho, especialmente na prevenção da translação posterior da tíbia em relação ao fêmur. Ele é o ligamento mais espesso e forte do joelho, o que explica a sua menor taxa de lesão em comparação com outros ligamentos.

Anatomia e Função

O LCP origina-se na face lateral do côndilo femoral medial e insere-se na área intercondilar posterior da tíbia. Sua principal função é evitar a translação posterior da tíbia, além de contribuir para a estabilidade rotacional e varo-valgo do joelho. O LCP é composto por duas bandas principais:

1. Banda ântero-lateral: Esticada em flexão.

2. Banda póstero-medial: Esticada em extensão.

Qual o mecanismo de lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

As lesões do LCP geralmente resultam de trauma direto, com os mecanismos mais comuns sendo:

– Trauma direto na parte anterior da tíbia com o joelho flexionado: Esse tipo de lesão é frequentemente visto em acidentes automobilísticos, conhecido como o “dashboard injury”, onde o painel do carro empurra a tíbia posteriormente.

– Hiperextensão ou hiperflexão forçada do joelho: Essas lesões são observadas em esportes de contato, como futebol, rugby e basquete.

Quais os sintomas de lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

Os sinais e sintomas de uma lesão do LCP podem variar dependendo da gravidade e do tempo decorrido desde a lesão. Os principais incluem:

– Dor: Geralmente localizada na região posterior do joelho, especialmente em flexão profunda.

– Instabilidade: Sensação de que o joelho “desliza” ou “cede”, particularmente ao descer escadas ou em superfícies inclinadas.

– Derrame articular: Acúmulo de líquido sinovial no joelho pode estar presente, embora seja menos comum do que nas lesões do LCA.

Qual a classificação da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

As lesões do LCP são classificadas de acordo com a gravidade do deslocamento posterior da tíbia em relação ao fêmur, medida pelo teste de gaveta posterior ou RM:

– Grau I: Deslocamento menor que 5 mm.

– Grau II: Deslocamento entre 5 mm e 10 mm.

– Grau III: Deslocamento maior que 10 mm, com possível envolvimento de outros ligamentos.

Como é feito o diagnóstico da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O diagnóstico de lesão do LCP baseia-se em uma combinação de história clínica, exame físico e exames de imagem.

Exame Físico

– Teste da Gaveta Posterior: Com o joelho a 90° de flexão, uma pressão posterior aplicada na tíbia revela translação excessiva em relação ao fêmur.

Exames de Imagem

– Ressonância Magnética (RM): É o exame de escolha para avaliar a integridade do LCP, sendo altamente sensível e específico. A RM também ajuda a identificar lesões associadas, como danos a outros ligamentos, meniscos e cartilagem.

– Radiografias com estresse: Podem ser úteis para identificar fraturas associadas.

Qual o tratamento da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O tratamento para a lesão do LCP varia de acordo com o grau da lesão, a demanda funcional do paciente e a presença de lesões associadas.Lesões isoladas do LCP de grau I e II são frequentemente tratadas de forma conservadora, com bons resultados em muitos pacientes. O manejo inclui imobilização inicial com uso de órteses para limitar a translação posterior da tíbia. Fisioterapia com foco no fortalecimento dos músculos isquiotibiais e quadríceps, além de exercícios de propriocepção para melhorar o controle neuromuscular.

Já o tratamento cirúrgico é indicado para as lesões de grau III ou lesões combinadas com outros ligamentos podem necessitar de intervenção cirúrgica. A reconstrução do LCP é mais desafiadora que a Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) devido à anatomia e biomecânica específicas do LCP como a proximidade da artéria poplítea. A cirurgia geralmente envolve:

– Reconstrução do LCP: Utilização de enxertos, autólogos ou alógenos, para reconstruir o ligamento rompido. A técnica cirúrgica pode variar, com diferentes abordagens para garantir o correto tensionamento e fixação do enxerto.

– Tratamento de lesões associadas: Se houver lesões em outros ligamentos, como o LCA, ligamentos colaterais ou lesões meniscais, essas lesões também são abordadas durante a cirurgia.

Qual a reabilitação pós cirúrgica da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

A reabilitação após a reconstrução do LCP é um processo gradual e prolongado. O protocolo inclui:

– Imobilização inicial: Geralmente com uso de órtese para proteção do enxerto.

– Fisioterapia progressiva: Com foco na restauração da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e recuperação da função articular. A carga sobre o joelho deve ser controlada nas primeiras semanas para evitar a falha do enxerto.

– Retorno às atividades esportivas: Normalmente permitido entre 9 a 12 meses após a cirurgia, dependendo da recuperação individual e da demanda esportiva.

Qual o prognóstico da  lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O prognóstico das lesões do LCP depende da gravidade da lesão, da abordagem de tratamento e da adesão à reabilitação. Lesões de grau I e II tratadas de forma conservadora geralmente apresentam bons resultados, com retorno à funcionalidade completa. No entanto, lesões de grau III e lesões combinadas podem apresentar um prognóstico mais reservado, com maior risco de instabilidade residual e degeneração precoce da articulação.

Considerações Finais

A lesão do ligamento cruzado posterior, embora menos comum que a do LCA, pode ter impacto significativo na estabilidade e função do joelho. O tratamento deve ser individualizado, considerando a gravidade da lesão, o nível de atividade do paciente e a presença de lesões associadas. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ortopedistas, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, é crucial para garantir uma recuperação otimizada e o retorno seguro às atividades esportivas.



Lesão LCM

Lesão do Ligamento Colateral Medial (LCM)

O ligamento colateral medial (LCM), localizado na parte interna do joelho, desempenha um papel crucial na estabilização articular durante atividades de carga e movimento. Esta estrutura ligamentar é composta principalmente por fibras colágenas que conferem resistência a forças de valgo, que ocorrem quando o joelho é pressionado para fora.

Qual é a função do ligamento colateral medial no joelho?

O ligamento colateral medial (LCM) desempenha várias funções importantes na articulação do joelho:

1. Estabilização: O LCM é fundamental para a estabilidade medial do joelho, ajudando a prevenir a abertura do joelho na direção externa (força de valgo). Ele atua como um suporte que mantém a articulação alinhada durante movimentos.

2. Facilitação do Movimento: Embora atue como um estabilizador, o LCM também permite um certo grau de movimento, contribuindo para a flexão e extensão do joelho de maneira controlada.

3. Propriocepção: O LCM contém terminações nervosas que desempenham um papel na propriocepção, permitindo que o corpo perceba a posição e o movimento do joelho, o que é crucial para o equilíbrio e a coordenação.

Essas funções tornam o LCM essencial para a biomecânica do joelho e a realização de atividades diárias e esportivas de forma segura e eficaz.

Qual o mecanismo de lesão?

As lesões do LCM geralmente ocorrem devido a um trauma direto na parte externa do joelho, resultando em uma força de valgo. Atividades esportivas que envolvem mudanças rápidas de direção, como futebol, basquete e esqui, são frequentemente associadas a esse tipo de lesão. A lesão pode variar em gravidade, sendo classificada em graus:

Grau I: Distensão leve, com pequenas microfissuras nas fibras do ligamento. O paciente pode apresentar dor leve e inchaço, mas a função articular é geralmente preservada.

Grau II: Lesão parcial, onde uma parte significativa das fibras do LCM está rompida, menor do que 50% da espessura. Os sintomas incluem dor moderada, edema e instabilidade articular.

Grau III: Ruptura completa do ligamento, resultando em uma instabilidade significativa do joelho, principalmente as forças de valgo. Os pacientes frequentemente relatam dor intensa, inchaço severo e dificuldade em suportar peso.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da lesão do LCM é feito através de uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem. O médico realizará testes físicos, como o teste de estresse em valgo (forçando uma abertura da região medial do joelho), para avaliar a integridade do ligamento.

Ultrassonografia e ressonância magnética são ferramentas valiosas para confirmar o diagnóstico e determinar a extensão da lesão. Apesar de um exame mais simples, porém não menos importante, a radiografia com estresse em valgo a 0° e 30 ° do joelho bilateral é extremamente útil para ajudar no diagnóstico e seguimento do tratamento.

Qual o tratamento para lesão do ligamento colateral medial?

O tratamento das lesões do LCM pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade da lesão. Em lesões de grau I e II, o protocolo PRICE (Protection, Repouso, Gelo, Compressão e Elevação) é frequentemente recomendado, acompanhado de fisioterapia para fortalecer a musculatura ao redor do joelho, principalmente o quadríceps com ênfase em vasto medial e vasto e melhorar a mobilidade.

Já no casos das lesões de grau III, a cirurgia pode ser necessária, especialmente em pacientes ativos. A reconstrução do ligamento colateral medial pode ser realizada utilizando enxertos autólogos (próprio paciente) ou alógenos (banco de tecidos), com o objetivo de restaurar a estabilidade do joelho. Os enxertos mais utilizados são os tendões da ´pata de ganso´ (grácil e semitendíneo). 

O tratamento cirúrgico para lesões do ligamento colateral medial (LCM) é geralmente considerado em casos de lesões graves (Grau III), onde há uma ruptura completa do ligamento, ou quando o tratamento conservador não resulta em uma recuperação satisfatória. O procedimento cirúrgico mais comum para reparar uma lesão do LCM é a reconstrução do ligamento. Utilizamos o reparo do LCM, suturamos as extremidades do ligamento rompido, se a lesão for considerada reparável. Isso é mais comum em lesões agudas. A técnica mais utilizada é a Reconstrução do LCM,  se o ligamento estiver severamente lesado ou se a lesão for antiga, pode ser necessário usar um enxerto (tecido do próprio paciente ou de um doador) para reconstruir o ligamento.

A fixação do enxerto – ´novo ligamento´ ou os fragmentos do ligamento são fixados em seu lugar usando parafusos, âncoras ou outros dispositivos de fixação para garantir a estabilidade durante a cicatrização.

É muito importante ressaltar que na grande maioria das vezes, a lesão do LCM está acompanhada de uma Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), e a escolha do enxerto deverá ser individualizada. 

O prognóstico para lesões isoladas do LCM é geralmente favorável, especialmente com tratamento adequado. A maioria dos pacientes consegue retornar às suas atividades esportivas após a reabilitação, com uma taxa de recuperação que varia entre 80% a 90%.

Como é a Reabilitação Pós-Cirúrgica?

Após a cirurgia, um programa de reabilitação é essencial para restaurar a força, a mobilidade e a funcionalidade do joelho. Isso geralmente envolve:

– Fisioterapia: exercícios supervisionados para aumentar a amplitude de movimento e fortalecer os músculos ao redor do joelho.

– Uso de Órteses: pode ser recomendado o uso de uma órtese para proteger o joelho durante a fase inicial de recuperação.

– Retorno às Atividades: o retorno gradual às atividades esportivas e físicas é planejado, geralmente após um período de 4 a 6 meses, mas pode variar conforme a evolução da recuperação.

Concluindo o tema

A lesão do ligamento colateral medial do joelho é uma condição comum que pode impactar significativamente a qualidade de vida e a performance esportiva. A compreensão dos mecanismos de lesão, diagnóstico preciso e tratamento apropriado são fundamentais para a recuperação e prevenção de futuras lesões. A abordagem multidisciplinar envolvendo ortopedistas e fisioterapeutas é essencial para um retorno seguro às atividades.

Este artigo visa proporcionar uma visão técnica e detalhada sobre a lesão do LCM, contribuindo para o conhecimento e conscientização sobre essa condição prevalente. 

Lesão do Menisco

Lesão do Menisco

O que é uma Lesão do Menisco?

Com o aumento dos exames de ressonância nuclear magnética, a lesão do menisco tornou-se uma patologia frequentemente diagnosticada.  Ocorre após uma entorse de joelho ou através do desgaste progressivo da articulação ao longo do envelhecimento. Os principais sintomas provocados são: dor, inchaço, estalos e sensação de travamento do joelho. Entretanto, nem todas as lesões são sintomáticas e necessitam de intervenção cirúrgica.

O que é o Menisco?

O menisco é constituído por fibrocartilagem e estão localizados na articulação do joelho, servem para aumentar a congruência articular e dar estabilidade ao joelho. Temos 2 meniscos, um medial e outro lateral, possuem um formato peculiar em forma de “C”. O menisco medial se localiza na região interna (lado de dentro) e o menisco lateral na região externa (lado de fora) do joelho.

O menisco do joelho é dividido em três zonas principais, com base no suprimento sanguíneo. Essas zonas são importantes para determinar o potencial de cicatrização das lesões meniscais:

1. Zona Vermelha-Vermelha (periférica):

  • Localiza-se na borda mais externa do menisco, próxima à cápsula articular.
  • Tem um bom suprimento sanguíneo, o que favorece a cicatrização.
  • Lesões nesta área tendem a responder bem ao tratamento conservador ou à reparação cirúrgica.

2. Zona Vermelha-Branca (intermediária):

  • Está localizada entre a borda periférica e o centro do menisco.
  • Possui um suprimento sanguíneo moderado.
  • Lesões nesta zona podem ter um potencial limitado de cicatrização, mas em alguns casos ainda respondem bem à reparação.

3. Zona Branca-Branca (central):

  •  Localiza-se no centro do menisco, distante da cápsula articular.
  • Não tem suprimento sanguíneo significativo, dependendo de nutrientes do líquido sinovial.
  • Lesões nesta área têm pouca capacidade de cicatrização espontânea e geralmente são tratadas com meniscectomia parcial (remoção da parte danificada).

Essas zonas ajudam a determinar o tratamento mais adequado para cada tipo de lesão meniscal.

Qual o Mecanismo de Lesão do Menisco?

As lesões meniscais são divididas em agudas e crônicas. O mecanismo mais comum para o surgimento da lesão meniscal aguda é uma entorse com o joelho fletido ou semifletido durante prática esportiva. As lesões crônicas ou degenerativas ocorrem ao longo do tempo por falência do compartimento do joelho, gerando uma compressão do menisco. Essa lesão geralmente é precursora da artrose de joelho.

Quais os tipos de Lesão do Menisco?

As lesões de menisco podem ser classificadas em:

  • Longitudinais
  • Radiais
  • Horizontal
  • Flap 
  • Complexas
  • Alça de Balde

Essas lesões podem ocorrer tanto no menisco medial quanto no lateral, sendo o menisco medial mais frequentemente acometido devido à sua menor mobilidade.

As lesões meniscais são divididas em:

Quais os sintomas  e o exame físico da lesão do menisco?

Os sintomas mais comuns são: dor na interlinha medial ou lateral ( a depender do menisco lesionado), estalidos, edemas ou inchaços nos joelhos, falseios e sensação de fraqueza, dor na região posterior do joelho. Dor ao flexionar o joelho, sensação de travamento. 

Como é feito o diagnóstico da lesão do menisco?

O diagnóstico é feito através do exame clínico feito por um ortopedista, de preferência, especialista em joelho. Ele investigará dados da história clínica (anamnese)  e do exame físico. A confirmação se dá com um exame complementar de ressonância nuclear magnética do joelho. Radiografias e ultrassonografias não são bons exames para avaliação do menisco.

Existe tratamento para a lesão do menisco?

Sim, existe tratamento. O tratamento depende de dois fatores principais. Primeiro, do paciente e segundo, do tipo de lesão meniscal. Lesões agudas (recentes) sintomáticas em pacientes jovens com uma demanda esportiva alta tendem a ser tratados com cirurgia artroscópica. Já as lesões crônicas, do tipo degenerativas em pacientes mais velhos, com uma baixa demanda, geralmente são tratadas de modo conservador (não cirúrgico, com fisioterapia e infiltração de ácido hialurônico. Dito isso, nem todas as lesões meniscais são tratadas com cirurgia.

Qual o tratamento da Lesão de Menisco?

As lesões meniscais são frequentes em pacientes com traumas articulares, especialmente em praticantes de esportes que envolvem movimentos de torção e mudanças rápidas de direção. O tratamento adequado depende de vários fatores, como o tipo de lesão, a localização, o padrão de ruptura, a estabilidade do joelho e o nível de atividade do paciente.

Tratamento Conservador

Indicado para lesões pequenas, estáveis e não deslocadas, principalmente na zona vascular periférica (“zona vermelha”), que possui maior capacidade de cicatrização espontânea. O tratamento conservador inclui:

– **Repouso e modificação das atividades**

– Crioterapia (uso de gelo)

– Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

– Fisioterapia: Foco no fortalecimento muscular, especialmente quadríceps e isquiotibiais, além de exercícios de propriocepção.

Tratamento Cirúrgico

Quando o tratamento conservador falha ou quando a lesão é extensa ou deslocada, a cirurgia pode ser necessária. As técnicas incluem:

1-) Meniscectomia Parcial

É a remoção da parte danificada do menisco. Indicada para lesões não passíveis de reparo, especialmente nas áreas avasculares (“zona branca”). A técnica é realizada por artroscopia, sendo minimamente invasiva e com rápida recuperação.

2-) Reparo Meniscal

Indicado para lesões na zona vermelha ou na zona vermelha-branca (transição entre a área vascularizada e não vascularizada). O reparo pode ser realizado de várias formas, como:

Técnica Inside-Out: Reparo da lesão de dentro da articulação para fora, com suturas feitas por incisões adicionais na pele.

Técnica Outside-In: Suturas são passadas de fora da articulação para dentro, útil para lesões na região de corpo e corno anterior.

Técnica All-Inside: Utiliza implantes específicos e não requer incisões adicionais.

A decisão pelo reparo depende da localização da lesão, idade do paciente e expectativa de retorno às atividades físicas.

Transplante de Menisco

Procedimento raro, indicado em casos de lesão meniscal irreparável em pacientes jovens com dor e sinais de comprometimento articular.

Como é a reabilitação pós cirurgia da Lesão de Menisco?

A reabilitação é parte crucial do tratamento das lesões meniscais, seja após meniscectomia parcial ou reparo meniscal. O protocolo de reabilitação inclui:

  • Mobilização precoce: Dependendo do procedimento realizado, o movimento passivo do joelho é incentivado para evitar rigidez.
  • Fortalecimento muscular: Progressão gradual de exercícios de fortalecimento dos músculos que estabilizam o joelho.
  • Propriocepção e equilíbrio: Exercícios para melhorar a coordenação e o controle neuromuscular do joelho.
  • Retorno às atividades: O tempo de retorno às atividades esportivas varia de 3 a 6 meses após o reparo meniscal, e cerca de 4 a 6 semanas após meniscectomia.

Qual o prognóstico da Lesão de Menisco?

O prognóstico após o tratamento de lesões meniscais depende de fatores como:

  • Localização da lesão (lesões na zona vermelha têm melhor chance de cicatrização)
  • Idade do paciente
  • Condições articulares associadas (presença de artrose pode complicar a recuperação)

Pacientes que passam por meniscectomia parcial podem ter um risco aumentado de desenvolver osteoartrite a longo prazo, devido à perda da função de amortecimento do menisco.

Lesão do LCA

Lesão do LCA

Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)

O ligamento cruzado anterior (LCA) é um importante estabilizador do joelho, por impedir a translação anterior da perna em relação à coxa. A lesão do LCA é uma lesão frequente do joelho em virtude do trauma esportivo.

O tratamento precoce, dentro de 6 meses da lesão, visa à prevenção de lesões secundárias da cartilagem e meniscos devido à instabilidade adquirida com a lesão.

Vamos aprofundar um pouco mais ? Leia sobre o LCA e a sua lesão no artigo abaixo.

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O que é o ligamento Cruzado Anterior?

O LCA é um ligamento localizado no centro do joelho, que conecta o fêmur (osso da coxa) à tíbia (osso perna). Juntamente com o ligamento cruzado posterior (LCP) são responsáveis pela estabilização do pivô central do joelho. Possuem também um papel secundário na restrição de movimentos rotacionais e angulares da perna.

Como ocorre a Lesão do LCA?

Acontece após uma torção do joelho, causada por movimentos rotacionais, aterrissagem de saltos, mudança de direção, hiperextensão do joelho e desaceleração. A sua lesão pode ser completa, parcial ou apenas um estiramento das suas fibras. No Brasil, devido a grande popularidade do Futebol essa prática esportiva acaba sendo a grande vilã.

Quais são os esportes mais propensos a causar Lesões no Joelho?

1. Futebol: As mudanças rápidas de direção, saltos e impactos diretos aumentam o risco de lesões nos ligamentos.

2. Basquetebol: Os movimentos explosivos, saltos e aterrissagens podem resultar em lesões, especialmente no ligamento cruzado anterior (LCA) e nos ligamentos colaterais.

3. Rugby: O contato físico intenso e as colisões frequentes aumentam a probabilidade de lesões no joelho.

4. Voleibol: Saltos e aterrissagens repetitivas podem levar a lesões nos ligamentos e na cartilagem do joelho.

5. Esportes de Inverno (esqui e snowboard): O risco de quedas e movimentos de torção acentuados pode resultar em lesões no joelho.

6. Tênis: Os movimentos laterais rápidos e mudanças de direção podem estressar os ligamentos do joelho.

7. Danças e Artes Marciais: Movimentos dinâmicos e giros podem causar lesões por torções ou quedas.

A prevenção, com aquecimento adequado e fortalecimento muscular, é fundamental para reduzir o risco de lesões durante essas atividades.

Quais são os sintomas após a lesão do LCA ?

Os sintomas são divididos em agudos e crônicos, irão depender do tempo de lesão. Na lesão aguda, o indivíduo pode ouvir um estalo, seguido de uma dor forte que o incapacita de continuar a atividade. O joelho rapidamente incha, podendo apresentar limitação na sua mobilidade.

Com o passar dos dias, o inchaço e a dor regridem, e são substituídos por uma sensação de falseio e instabilidade. A persistência de dor e inchaço tardiamente pode ser um sinal de lesão associada do menisco ou da cartilagem. Nas lesões crônicas, a depender do tempo de lesão, meses ou anos, o paciente começa a apresentar os sintomas decorrentes de lesões secundárias. Os sintomas são dores, inchaços repentinos, estalidos e até mesmo deformidade dos joelhos causadas pela artrose.

Qual exame deve ser realizado para diagnosticar a lesão ligamentar do cruzado anterior?

A suspeita da lesão do LCA é feita através da avaliação clínica realizada pelo médico ortopedista e confirmada por uma Ressonância Nuclear Magnética do joelho. A importância da ressonância não se deve apenas pelo diagnóstico da ruptura do LCA, mas também para a pesquisa de lesões associadas ao menisco e à cartilagem. 

Qual exame físico e teste clínico de exame físico para o diagnóstico da lesão do cruzado anterior?

São quatro manobras semiológicas ortopédicas mais realizadas:

  • Teste da Gaveta Anterior 
  • Teste de Lachman 
  • Teste do Pivot- Shift 
  • Teste de Lelli

Qual o tratamento para a lesão do LCA?

Em uma primeira consulta de pronto socorro ortopédico, após passarem por uma consulta médica com o ortopedista, exame clínico incluindo manobras semiológicas descritas acima, realização de exames de imagem de radiografia de joelho  (para excluir fraturas), os pacientes que sofreram entorse de joelho são orientados a fazerem repouso, uso de muletas, algumas vezes uso de imobilizador de joelho para conforto da dor, gelo a cada 4 horas por 15 minutos e o uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Recebendo alta médica, já com o pedido de ressonância nuclear magnética de joelho.

O LCA, por estar localizado dentro de uma articulação e ser banhado pelo líquido sinovial, não possui capacidade de cicatrização, diferentemente do ligamento colateral medial (LCM). Visto isso, na maioria dos casos o tratamento cirúrgico visando restituir a estabilidade do joelho e prevenindo a ocorrência de lesões secundárias aos meniscos, e cartilagem, o que levaria a uma degeneração acelerada da articulação e artrose.

Quando o tratamento conservador (não cirúrgico) pode ser indicado?

O tratamento conservador pode ser uma opção nas seguintes situações:

  • Lesões parciais ou completas que não causem sintomas de instabilidade e falseios do joelho;
  • Pessoas mais velhas que exerçam atividades de baixa demanda;
  • Jovens que desejam mudar o seu nível de atividade e que abdique de atividades que envolvam movimentos rotacionais, aceleração/desaceleração, saltos e mudança de direção.

O tratamento conservador é baseado em um programa de reabilitação supervisionada de exercícios com um fisioterapeuta seguida de musculação para ganho de massa muscular  a fim de aumentar a estabilidade articular do joelho. Caso o paciente apresente instabilidade significativa mesmo após o programa de reabilitação, a cirurgia deverá ser indicada.

Como é feita a cirurgia para reconstrução do LCA?

A cirurgia é realizada através de uma técnica moderna com pequenas incisões através de uma torre de vídeo chamada de artroscopia. Para isto, são utilizadas 2 incisões pequenas na região anterior do joelho de tamanho suficiente para a passagem da câmera e de pinças cirúrgicas altamente delicadas. O objetivo da cirurgia é criar um “neoligamento” através do uso de enxertos de tendões que são retirados do próprio paciente ou até mesmo solicitados junto ao banco de tecidos em casos de revisões (re-rupturas).

O enxerto possui uma resistência superior ao LCA rompido, e sua escolha deve ser individualizada com base no esporte e demanda de cada paciente. No Brasil, os cirurgiões estão mais habituados ao uso dos músculos flexores isquiotibiais (tendão do músculo grácil e tendão do músculo semitendíneo). 

Os enxertos mais utilizados são os de tendões flexores (grácil e semitendíneo) e do tendão patelar. Outras opções incluem enxertos do tendão do quadríceps, tendão fibular longo, tendão do reto femoral e enxertos de banco de tecidos (doador cadáver). A escolha do enxerto a ser utilizado em cada caso é individualizada, levando em consideração diversos aspectos de cada indivíduo.

Tipos de enxertos retirados ao redor do joelho.

Enxerto do tendão do músculo fibular longo

Enxerto do tendão patelar.

Enxerto do tendão do músculo reto femoral.

O enxerto é fixado na posição anatômica do LCA, o mais próximo da posição original. Para isto, túneis são criados no osso do fêmur e da tíbia, por onde o enxerto é passado, assumindo uma posição central anatômica dentro do joelho. Por fim, o enxerto é fixado nas suas duas extremidades por parafusos de interferência ou botões que se apoiam na superfície do osso.

Fixação do novo ligamento cruzado anterior.

Para quais pacientes o reforço extra articular está indicado?

Os pacientes que podem se beneficiar de um reforço ligamentar extra articular juntamente com a reconstrução do ligamento cruzado anterior descritos na literatura médica atual são: 

  • Esportes que envolvem movimentos rotacionais do joelho (pivoting sports)
  • Atletas de alta demanda
  • Pivot shift ++ ou +++
  • Lesões crônicas do LCA
  • Notch lateral nas radiografias
  • Fratura de Segond
  • Pacientes menores de 20 anos (18 anos)
  • Revisão de LCA
  • Hiperfrouxidão ligamentar
  • Lachman maior que 7mm

Enxerto do trato iliotibial para o reforço extra articular de Lemaire.

Como é a reabilitação após a cirurgia?

A reabilitação precoce é fundamental. Logo no primeiro dia após a cirurgia é iniciada a fisioterapia motora visando inicialmente treino de marcha com muletas, analgesia, controle de edema e eletroestimulação para ativação dos músculos da coxa, principalmente o músculo do quadríceps. O paciente é estimulado a mover o joelho normalmente e a apoiar parcialmente o peso do corpo no membro operado, com o auxílio de muletas. A reabilitação deverá progredir até que seja atingido um arco de movimento completo, bom equilíbrio, ativação muscular adequada e força semelhante ao lado não operado. A reabilitação com fisioterapia permanecerá exclusiva até o terceiro-quarto mês pós operatório, quando é iniciada a musculação com treino de força e treinamento do gesto esportivo, supervisionada por profissional capacitado.

Os casos deverão ser individualizados e variações do protocolo de reabilitação podem ser adotadas no caso de outras cirurgias associadas à reconstrução do LCA, como o reparo do menisco ou da cartilagem, por exemplo.

Quanto tempo para voltar ao esporte após a cirurgia do LCA?

O prazo médio de retorno ao esporte gira em torno de 9 a 12 meses após a cirurgia. A cirurgia reconstrução do LCA tem como objetivo devolver a estabilidade do joelho, possibilitando o retorno ao esporte de interesse. O paciente precisa preencher critérios de alta com testes clínicos e um exame de avaliação muscular isocinética computadorizada, no qual é comparado força e potência junto ao membro não operado. Algumas atividades como bicicleta, corrida em linha reta, natação e musculação são liberadas antes, ao longo da  reabilitação.

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