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Lesão do ligamento Cruzado Posterior (LCP)

A lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) é menos comum que a lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), representando cerca de 3% a 11% de todas as lesões ligamentares do joelho. O LCP é uma estrutura essencial para a estabilidade do joelho, especialmente na prevenção da translação posterior da tíbia em relação ao fêmur. Ele é o ligamento mais espesso e forte do joelho, o que explica a sua menor taxa de lesão em comparação com outros ligamentos.

Anatomia e Função

O LCP origina-se na face lateral do côndilo femoral medial e insere-se na área intercondilar posterior da tíbia. Sua principal função é evitar a translação posterior da tíbia, além de contribuir para a estabilidade rotacional e varo-valgo do joelho. O LCP é composto por duas bandas principais:

1. Banda ântero-lateral: Esticada em flexão.

2. Banda póstero-medial: Esticada em extensão.

Qual o mecanismo de lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

As lesões do LCP geralmente resultam de trauma direto, com os mecanismos mais comuns sendo:

– Trauma direto na parte anterior da tíbia com o joelho flexionado: Esse tipo de lesão é frequentemente visto em acidentes automobilísticos, conhecido como o “dashboard injury”, onde o painel do carro empurra a tíbia posteriormente.

– Hiperextensão ou hiperflexão forçada do joelho: Essas lesões são observadas em esportes de contato, como futebol, rugby e basquete.

Quais os sintomas de lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

Os sinais e sintomas de uma lesão do LCP podem variar dependendo da gravidade e do tempo decorrido desde a lesão. Os principais incluem:

– Dor: Geralmente localizada na região posterior do joelho, especialmente em flexão profunda.

– Instabilidade: Sensação de que o joelho “desliza” ou “cede”, particularmente ao descer escadas ou em superfícies inclinadas.

– Derrame articular: Acúmulo de líquido sinovial no joelho pode estar presente, embora seja menos comum do que nas lesões do LCA.

Qual a classificação da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

As lesões do LCP são classificadas de acordo com a gravidade do deslocamento posterior da tíbia em relação ao fêmur, medida pelo teste de gaveta posterior ou RM:

– Grau I: Deslocamento menor que 5 mm.

– Grau II: Deslocamento entre 5 mm e 10 mm.

– Grau III: Deslocamento maior que 10 mm, com possível envolvimento de outros ligamentos.

Como é feito o diagnóstico da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O diagnóstico de lesão do LCP baseia-se em uma combinação de história clínica, exame físico e exames de imagem.

Exame Físico

– Teste da Gaveta Posterior: Com o joelho a 90° de flexão, uma pressão posterior aplicada na tíbia revela translação excessiva em relação ao fêmur.

Exames de Imagem

– Ressonância Magnética (RM): É o exame de escolha para avaliar a integridade do LCP, sendo altamente sensível e específico. A RM também ajuda a identificar lesões associadas, como danos a outros ligamentos, meniscos e cartilagem.

– Radiografias com estresse: Podem ser úteis para identificar fraturas associadas.

Qual o tratamento da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O tratamento para a lesão do LCP varia de acordo com o grau da lesão, a demanda funcional do paciente e a presença de lesões associadas.Lesões isoladas do LCP de grau I e II são frequentemente tratadas de forma conservadora, com bons resultados em muitos pacientes. O manejo inclui imobilização inicial com uso de órteses para limitar a translação posterior da tíbia. Fisioterapia com foco no fortalecimento dos músculos isquiotibiais e quadríceps, além de exercícios de propriocepção para melhorar o controle neuromuscular.

Já o tratamento cirúrgico é indicado para as lesões de grau III ou lesões combinadas com outros ligamentos podem necessitar de intervenção cirúrgica. A reconstrução do LCP é mais desafiadora que a Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) devido à anatomia e biomecânica específicas do LCP como a proximidade da artéria poplítea. A cirurgia geralmente envolve:

– Reconstrução do LCP: Utilização de enxertos, autólogos ou alógenos, para reconstruir o ligamento rompido. A técnica cirúrgica pode variar, com diferentes abordagens para garantir o correto tensionamento e fixação do enxerto.

– Tratamento de lesões associadas: Se houver lesões em outros ligamentos, como o LCA, ligamentos colaterais ou lesões meniscais, essas lesões também são abordadas durante a cirurgia.

Qual a reabilitação pós cirúrgica da lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

A reabilitação após a reconstrução do LCP é um processo gradual e prolongado. O protocolo inclui:

– Imobilização inicial: Geralmente com uso de órtese para proteção do enxerto.

– Fisioterapia progressiva: Com foco na restauração da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e recuperação da função articular. A carga sobre o joelho deve ser controlada nas primeiras semanas para evitar a falha do enxerto.

– Retorno às atividades esportivas: Normalmente permitido entre 9 a 12 meses após a cirurgia, dependendo da recuperação individual e da demanda esportiva.

Qual o prognóstico da  lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)?

O prognóstico das lesões do LCP depende da gravidade da lesão, da abordagem de tratamento e da adesão à reabilitação. Lesões de grau I e II tratadas de forma conservadora geralmente apresentam bons resultados, com retorno à funcionalidade completa. No entanto, lesões de grau III e lesões combinadas podem apresentar um prognóstico mais reservado, com maior risco de instabilidade residual e degeneração precoce da articulação.

Considerações Finais

A lesão do ligamento cruzado posterior, embora menos comum que a do LCA, pode ter impacto significativo na estabilidade e função do joelho. O tratamento deve ser individualizado, considerando a gravidade da lesão, o nível de atividade do paciente e a presença de lesões associadas. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ortopedistas, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, é crucial para garantir uma recuperação otimizada e o retorno seguro às atividades esportivas.