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Lesão LCM

Lesão do Ligamento Colateral Medial (LCM)

O ligamento colateral medial (LCM), localizado na parte interna do joelho, desempenha um papel crucial na estabilização articular durante atividades de carga e movimento. Esta estrutura ligamentar é composta principalmente por fibras colágenas que conferem resistência a forças de valgo, que ocorrem quando o joelho é pressionado para fora.

Qual é a função do ligamento colateral medial no joelho?

O ligamento colateral medial (LCM) desempenha várias funções importantes na articulação do joelho:

1. Estabilização: O LCM é fundamental para a estabilidade medial do joelho, ajudando a prevenir a abertura do joelho na direção externa (força de valgo). Ele atua como um suporte que mantém a articulação alinhada durante movimentos.

2. Facilitação do Movimento: Embora atue como um estabilizador, o LCM também permite um certo grau de movimento, contribuindo para a flexão e extensão do joelho de maneira controlada.

3. Propriocepção: O LCM contém terminações nervosas que desempenham um papel na propriocepção, permitindo que o corpo perceba a posição e o movimento do joelho, o que é crucial para o equilíbrio e a coordenação.

Essas funções tornam o LCM essencial para a biomecânica do joelho e a realização de atividades diárias e esportivas de forma segura e eficaz.

Qual o mecanismo de lesão?

As lesões do LCM geralmente ocorrem devido a um trauma direto na parte externa do joelho, resultando em uma força de valgo. Atividades esportivas que envolvem mudanças rápidas de direção, como futebol, basquete e esqui, são frequentemente associadas a esse tipo de lesão. A lesão pode variar em gravidade, sendo classificada em graus:

Grau I: Distensão leve, com pequenas microfissuras nas fibras do ligamento. O paciente pode apresentar dor leve e inchaço, mas a função articular é geralmente preservada.

Grau II: Lesão parcial, onde uma parte significativa das fibras do LCM está rompida, menor do que 50% da espessura. Os sintomas incluem dor moderada, edema e instabilidade articular.

Grau III: Ruptura completa do ligamento, resultando em uma instabilidade significativa do joelho, principalmente as forças de valgo. Os pacientes frequentemente relatam dor intensa, inchaço severo e dificuldade em suportar peso.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da lesão do LCM é feito através de uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem. O médico realizará testes físicos, como o teste de estresse em valgo (forçando uma abertura da região medial do joelho), para avaliar a integridade do ligamento.

Ultrassonografia e ressonância magnética são ferramentas valiosas para confirmar o diagnóstico e determinar a extensão da lesão. Apesar de um exame mais simples, porém não menos importante, a radiografia com estresse em valgo a 0° e 30 ° do joelho bilateral é extremamente útil para ajudar no diagnóstico e seguimento do tratamento.

Qual o tratamento para lesão do ligamento colateral medial?

O tratamento das lesões do LCM pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade da lesão. Em lesões de grau I e II, o protocolo PRICE (Protection, Repouso, Gelo, Compressão e Elevação) é frequentemente recomendado, acompanhado de fisioterapia para fortalecer a musculatura ao redor do joelho, principalmente o quadríceps com ênfase em vasto medial e vasto e melhorar a mobilidade.

Já no casos das lesões de grau III, a cirurgia pode ser necessária, especialmente em pacientes ativos. A reconstrução do ligamento colateral medial pode ser realizada utilizando enxertos autólogos (próprio paciente) ou alógenos (banco de tecidos), com o objetivo de restaurar a estabilidade do joelho. Os enxertos mais utilizados são os tendões da ´pata de ganso´ (grácil e semitendíneo). 

O tratamento cirúrgico para lesões do ligamento colateral medial (LCM) é geralmente considerado em casos de lesões graves (Grau III), onde há uma ruptura completa do ligamento, ou quando o tratamento conservador não resulta em uma recuperação satisfatória. O procedimento cirúrgico mais comum para reparar uma lesão do LCM é a reconstrução do ligamento. Utilizamos o reparo do LCM, suturamos as extremidades do ligamento rompido, se a lesão for considerada reparável. Isso é mais comum em lesões agudas. A técnica mais utilizada é a Reconstrução do LCM,  se o ligamento estiver severamente lesado ou se a lesão for antiga, pode ser necessário usar um enxerto (tecido do próprio paciente ou de um doador) para reconstruir o ligamento.

A fixação do enxerto – ´novo ligamento´ ou os fragmentos do ligamento são fixados em seu lugar usando parafusos, âncoras ou outros dispositivos de fixação para garantir a estabilidade durante a cicatrização.

É muito importante ressaltar que na grande maioria das vezes, a lesão do LCM está acompanhada de uma Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), e a escolha do enxerto deverá ser individualizada. 

O prognóstico para lesões isoladas do LCM é geralmente favorável, especialmente com tratamento adequado. A maioria dos pacientes consegue retornar às suas atividades esportivas após a reabilitação, com uma taxa de recuperação que varia entre 80% a 90%.

Como é a Reabilitação Pós-Cirúrgica?

Após a cirurgia, um programa de reabilitação é essencial para restaurar a força, a mobilidade e a funcionalidade do joelho. Isso geralmente envolve:

– Fisioterapia: exercícios supervisionados para aumentar a amplitude de movimento e fortalecer os músculos ao redor do joelho.

– Uso de Órteses: pode ser recomendado o uso de uma órtese para proteger o joelho durante a fase inicial de recuperação.

– Retorno às Atividades: o retorno gradual às atividades esportivas e físicas é planejado, geralmente após um período de 4 a 6 meses, mas pode variar conforme a evolução da recuperação.

Concluindo o tema

A lesão do ligamento colateral medial do joelho é uma condição comum que pode impactar significativamente a qualidade de vida e a performance esportiva. A compreensão dos mecanismos de lesão, diagnóstico preciso e tratamento apropriado são fundamentais para a recuperação e prevenção de futuras lesões. A abordagem multidisciplinar envolvendo ortopedistas e fisioterapeutas é essencial para um retorno seguro às atividades.

Este artigo visa proporcionar uma visão técnica e detalhada sobre a lesão do LCM, contribuindo para o conhecimento e conscientização sobre essa condição prevalente.