Menisco Discóide

O menisco discóide é uma variação anatômica rara do menisco, com uma incidência entre 0,4% e 15% da população, dependendo da região geográfica e fatores genéticos, sendo mais comum em populações asiáticas. Essa condição afeta principalmente o menisco lateral, resultando em um formato mais espesso e em forma de disco, diferente do menisco semilunar normal, em formato de “C´´. As consequências biomecânicas dessa anomalia podem levar a sintomas clínicos significativos, principalmente durante a adolescência e a fase adulta jovem.

O menisco é uma estrutura fibrocartilaginosa localizada na articulação do joelho, entre os côndilos femorais e os platôs tibiais. Sua função principal é distribuir o estresse articular, aumentar a congruência articular e absorver impacto. O menisco lateral discóide, devido ao seu formato anômalo, apresenta um aumento de massa e espessura, o que o predispõe a rupturas, mesmo sem traumas significativos.

Existem três tipos principais de menisco discóide, classificados por Watanabe:

1.Tipo Completo: O menisco cobre toda a superfície articular do platô tibial lateral.

2.Tipo Incompleto: O menisco apresenta forma discóide, mas não cobre completamente o platô tibial lateral.

3.Tipo de Menisco Hipermóvel (ou Wrisberg): O menisco não está adequadamente preso na sua porção posterior, resultando em instabilidade.

Quais são os sintomas do Menisco Discóide?

Os sintomas mais comuns associados ao menisco discóide incluem:

-Dor no Joelho Lateral: Especialmente após atividades físicas.

-Estalidos ou “Click”: Ruídos percebidos ao movimento do joelho, frequentemente relacionados a bloqueios intermitentes.

-Derrame Articular: O acúmulo de líquido sinovial no joelho pode ocorrer, especialmente após rupturas meniscais.

-Instabilidade: Nos casos de menisco discóide do tipo Wrisberg, a instabilidade pode ser um sintoma proeminente, com a sensação de que o joelho está “falhando”.

O diagnóstico diferencial deve incluir lesões do ligamento colateral lateral, plicas sinoviais, lesões do ligamento cruzado anterior e disfunções patelofemorais, uma vez que esses quadros clínicos podem compartilhar sintomas semelhantes.

Como é feito o diagnóstico do Menisco Discoide?

O diagnóstico do menisco discóide é geralmente feito por meio de ressonância nuclear magnética (RNM), que permite a visualização da estrutura anômala e identificação de possíveis rupturas associadas. Os sinais radiológicos incluem a presença de um menisco de espessura aumentada, com mais de três cortes na RNM em planos sagitais.

Além disso, a avaliação clínica é fundamental. Sintomas como dor lateral no joelho, estalidos, sensação de bloqueio ou instabilidade são comuns. O exame físico pode revelar sinais de hipermobilidade ou crepitação durante o movimento da articulação.

Qual o Tratamento do Menisco Discoide?

O tratamento do menisco discóide depende dos sintomas e do tipo de lesão associada. As opções terapêuticas podem variar desde o manejo conservador até a cirurgia.

Tratamento Conservador

Pacientes assintomáticos ou com sintomas leves podem ser tratados de forma conservadora, com fisioterapia voltada para fortalecimento muscular, melhora da propriocepção e ajustes de atividade. A restrição de atividades de alto impacto pode ser recomendada para evitar sobrecarga da articulação.

Tratamento Cirúrgico

Nos casos sintomáticos ou com lesões meniscais associadas, a intervenção cirúrgica é frequentemente indicada. A artroscopia é o método preferencial, e as principais técnicas incluem:

1. Meniscectomia Parcial: Remoção da porção anômala do menisco, preservando o máximo de tecido meniscal saudável. Esta técnica é indicada para os tipos completo e incompleto que apresentem sintomas.

2. Meniscoplastia: Remodelação do menisco para restaurar sua forma e função normais, frequentemente realizada em conjunto com a meniscectomia parcial.

3. Fixação do Menisco: No tipo hipermóvel (Wrisberg), a fixação do menisco ao platô tibial pode ser necessária para estabilizá-lo.

A decisão entre meniscectomia parcial e meniscopatia depende do grau de anomalia do menisco e do comprometimento funcional. O objetivo do tratamento cirúrgico é aliviar os sintomas, preservar a função meniscal e prevenir a degeneração articular precoce.

O prognóstico após o tratamento de um menisco discóide geralmente é favorável, especialmente em pacientes jovens e ativos. Após a meniscectomia parcial ou meniscoplastia, a maioria dos pacientes experimenta alívio significativo dos sintomas e retorno às atividades esportivas. No entanto, a preservação do menisco é crucial, uma vez que a remoção excessiva de tecido pode levar a artrose precoce.

A recuperação pós-operatória envolve fisioterapia intensiva para restauração da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e reabilitação funcional. A maioria dos pacientes retorna a atividades normais entre 3 a 6 meses após a cirurgia, dependendo da complexidade da lesão e do procedimento realizado.

Devo Procurar um Médico Especializado para Tratar o Menisco Discóide?

O menisco discóide é uma variação anatômica que, quando sintomática, pode afetar significativamente a função do joelho. A abordagem terapêutica deve ser individualizada, com foco na preservação do tecido meniscal e restauração da função articular. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações a longo prazo, como a degeneração precoce da articulação.

Sendo assim, é de suma importância buscar ajuda especializada.


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